A obra “Ossanha" do artista Ayrson Heráclito foi desenvolvida em 2023 por meio de fotografia digital nas dimensões 40 x 60cm. A cena retrata uma figura masculina da cintura para cima com o torso à mostra utilizando um colar longo de miçangas verdes e vermelhas e com adornos de folhas de tonalidade verde clara sobre a cabeça cobrindo parcialmente a lateral de seu rosto, em sua cintura é possível ver que um tecido azul cobre a parte de baixo de seu corpo. O homem, de pele negra, possui um olhar vago para a paisagem e encontra-se centralizado em um cenário de mata fechada, segurando uma cachimbo de madeira de tom bege em sua boca com o apoio de sua mão direita. O cenário ao fundo é desfocado, aparentando se tratar de uma mata fechada de predominância de árvores que cobrem o ambiente com tons esverdeados das plantas e acinzentados dos troncos e raízes.
Ossanha, 2023
Fotografia digital com tinta pigmento em papel photo mate 200gms, 40 x 60 cm
Aquisição e doação através da AAMACRS - obra pertencente ao do Clube do Colecionador, edição 2023.
Aquisição
Aquisição e doação através da AAMACRS - obra pertencente ao do Clube do Colecionador, edição 2023.
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Textos críticos
Texto Crítico
Em uma exaltação da cultura afro-brasileira, a produção de Ayrson Heráclito representa o corpo em um contexto de ritual. Sua linguagem artística aborda a espiritualidade e a natureza, referenciando o Candomblé e seus cultos a entidades divinas. Na religião, a figura de Ossanha, que dá título à obra, é o orixá denominado como Senhor das Folhas, detendo o poder de cura através das plantas e dos insumos naturais encontrados nas matas. Em uma relação de proximidade com a floresta, o orixá possui conhecimento medicinal e litúrgico sobre as ervas, sendo o provedor das plantas utilizadas em rituais de limpeza e cura de enfermidades. O homem presente na fotografia utiliza um colar de contas, adornos de folhas na cabeça e um cachimbo de madeira. A prática do fumo do cachimbo, no Candomblé, se refere à divindade da cura e ao afastamento de energias negativas, enquanto o colar de contas verdes aparece como objeto de identificação dos filhos/fiéis de Ossanha. Promovendo a intersecção entre o mundo espiritual e material, o artista ilustra a forma com que o Candomblé desenvolve práticas rituais dependentes dos elementos naturais: sem a folha, não há orixá. A evocação da vida por meio da planta pode surgir como uma provocação sobre a intervenção humana na natureza e a necessidade de um olhar ancestral espiritualizado sobre a apropriação e exploração do meio ambiente.
