Mídias relacionadas
Temos um rosto, mas nosso rosto não é o que somos. Por trás dele existe uma mente, uma personalidade, um conjunto de características invisíveis, mas que se apresenta ao espectador. A face, aquela vista por todos menos por nós mesmos, é somente um dos meios que possuímos para expressar o que somos, até o momento em que nos olhamos no espelho. Então, ela parece nos possuir, confrontar-nos como uma condição à qual estamos presos.
O auto-retrato convencional apresenta esta face do modo como nos enxergamos e também como pensamos que os outros nos enxergam, presos à forma e à proporção de um rosto refletido,
O auto-retrato, como conceito, é a tentativa de mostrar uma definição e explorar a afirmação: “este sou eu”. Texto Curatorial da mostra "Verdadeira Grandeza", 2008. Disponível em: https://www.ateliedaimagem.com.br/galeria/vg-verdadeira-grandeza/ , Acesso em 26 de julho de 2022.
| "A ideia de cruzar o trânsito dos rostos em retrato 3 x 4 (inicial e canonicamente como documento portátil) do pai do artista e dele mesmo, ganha dimensões e densidade e não só reporta certo calafrio visual quanto produz uma pregnância conceitual, na qual o rosto - a parte mais simbólica e porosa do corpo - se transveste de outro tempo, mais concretamente do tempo do outro, ainda que seja tão próximo e familiar, fruto da relação de ascendência/descendência. A confluência de características afins e não afins produz seu paradoxo em movimento, pois estamos vendo um retrato de retratos, um auto-retrato centrípeto, que se abisma para dentro – implode como pede o gênero quando não é blasé ou uma questão supérflua". (trecho da apresentação. de Adolfo Monejo Navas, para a exposição da série Passagem, em 2017, de Julio Castro). Disponível em: https://ignoranciatimes.com.br/julio-castro-passagem , Acesso em 03 de agosto de 2022.