A obra “Paisagem" da artista Rochelle Costi foi desenvolvida em 2020-2021 por meio de fotografia digital sobre papel nas dimensões 45 x 100 cm. Na fotografia são expostos três insetos posicionados em um cenário artificial, em um registro com efeito de aproximação evidenciando os animais em primeiro plano e desfocando o fundo em um sombreado preto que ocupa o canto superior da imagem. O fundo artificial de camada porosa e não uniforme varia em elevação, contando com áreas de textura rochosa em tonalidade de amarelo e contrastes em vermelho, branco e verde. No canto inferior direito, uma mosca preta com marcas na cor branca repousa sobre a superfície, direcionada para a extremidade direita da obra. No centro para o canto esquerdo da obra, duas lagartas de cores bege, amarelo e marrom encontram-se sobre um fragmento verde de planta de aspecto longo e esguio, em uma interação na qual uma lagarta sobre por cima da outra.
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Textos críticos
Texto Crítico
Desenvolvida em contexto pandêmico, a obra “Paisagem” reflete o olhar de minúcia da artista em um momento de quarentena. A poética da artista se volta para o seu ambiente cotidiano, maximizando pequenos universos com os quais compartilha morada. Em uma realidade reduzida à sua casa e seu jardim, sua produção artística se atentou para o “mundo animal” que ocupava o quintal de sua residência. Em fotografias de cenografia artificial, insetos são registrados sobre chapas de plástico com texturas e topografias que remetem à natureza. O paralelo entre a artificialidade do suporte e a natureza viva dos insetos causa a sensação de uma realidade distorcida, podendo refletir sobre a posição humana de enclausuramento devido à COVID-19. Como em uma observação científica, a retirada do animal de seu habitat permite uma análise de seu comportamento em uma simulação forçada. A técnica de sobreposição digital gera uma perspectiva de diálogo entre os diferentes insetos, que mesmo fotografados separadamente, são reunidos em uma junção de cenas que suscitam um convívio não existente in natura. Ao promover uma interação inventada,a obra sugere o anseio pela sociabilidade, demonstrando um desconforto pela situação de isolamento social em que a falta do contato com o outro gera fragilidades.
