A obra é um díptico composto por fotografia sobre papel com 122 x 155 cm em cada lado. A fotografia da esquerda apresenta um quarto de dormir em que é possível ver três paredes pintadas em um tom claro de bege. A que se localiza ao fundo tem uma janela que ocupa quase a totalidade de sua extensão coberta com duas cortinas com tecido translúcido. Uma delas está completamente aberta e a outra, presa em sua parte inferior e possui bandô no mesmo tecido. O teto tem a mesma cor das paredes e mostra um ponto de luz sem luminária com uma lâmpada apagada. Na parede da lateral esquerda aparece, a partir do observador, um fogão de quatro bocas coberto com um pano de prato e vários utensílios de cozinha sobre ele. Ao lado, uma geladeira de porta inteira branca. Na sequência, uma poltrona de espuma dobrável com um tecido de listras azuis e pretas. Ao lado, disposta de forma paralela à parede, uma cama de solteiro coberta com uma colcha. Sobre ela, duas almofadas. Na parede sobre a cama tem um quadro retangular pequeno. Na parede da lateral direita, a partir do observador, tem uma escrivaninha de madeira escura. Ao lado, um ventilador móvel e um armário. O piso tem revestimento de carpete verde escuro e um tapete retangular na lateral da cama. A fotografia da direita mostra o mesmo quarto, porém com a disposição dos móveis alterada. O espaço, que na imagem anterior podia ser visto em sua amplitude, neste momento aparece com a interrupção de um armário colocado paralelamente à janela cobrindo-a quase que por inteiro. A parte posterior do móvel está voltada para o observador e sua lateral se encosta na parede da direita. Neste mesmo lado, mais próximo do observador, tem um armário de madeira escuro, aquele mesmo presente na imagem anterior. Na parede da lateral esquerda, está encostada a cabeceira de uma cama de solteiro. Logo após, é possível ver um aparelho de telefone fixado na parede com fios pendentes até as tomadas próximas do piso. O ponto de luz no teto sem luminária está com a lâmpada acesa.
Rochelle Costi
(Caxias do Sul, RS, 1961 - São Paulo, SP, 2022)
Mudanças (ascensão econômica), 2000
Fotografia sobre papel, 122 x 155 cm (cada), díptico
Aquisição por compra e doação AAMACRS / Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2010, Funarte
Aquisição
Aquisição por compra e doação AAMACRS / Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2010, Funarte
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Textos críticos
Texto Crítico
Em uma residência, o quarto é um dos locais em que a intimidade se resguarda e a identidade de quem ali reside pode ser lida por inúmeros sinais. Rochelle Costi voltou o seu olhar para esses espaços e expõe a série de fotografias em grande formato intitulada Quartos (1998) na 24ª Bienal de São Paulo. Mudanças (ascensão econômica), (2000), dá seguimento a reflexões sobre modos de vida e privacidade. Na fotografia, à esquerda, o quarto é apresentado sem obstáculos visuais. É possível uma leitura subjetiva do espaço por meio do mobiliário e da disposição em que foram posicionados. Existe uma organização baseada na funcionalidade e tudo parece devidamente estruturado, com raras possibilidades de intervenção e a lâmpada apagada sugere esta estabilidade. Na fotografia da direita, o mesmo espaço é apresentado com um novo elemento: um armário disposto em paralelo à janela voltando sua parte posterior para o observador. A sua presença significativa resulta na obstrução visual do ambiente. O intenso bloqueio, uma mudança expressiva no quarto, instiga o observador a imaginar a disposição de objetos no espaço oculto pelo móvel. O mobiliário, antes visto de maneira tão clara, agora não aparece mais. A cabeceira da cama desmontada indica a mudança dos elementos presentes na imagem anterior. O ponto de luz apresenta uma lâmpada acesa, ofuscando e colaborando para reforçar essa obstrução visual. A artista favorece que o observador busque nas mudanças ocorridas no quarto indícios de alterações que aconteceram na vida dos usuários deste espaço.
