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Front Light #1
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Miniatura
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Número de registro
MAC1106
Título
Front Light #1
Autoria
Ano
2012
Denominação
Material/Técnica
Suporte/Mídia
Dimensões
63,3 x 63,3 cm
Edição/estado
1/5
Texto para etiqueta
Pablo Lobato
(Bom Despacho, MG, 1976)
Front Light #1, 2012
Fotografia sobre papel algodão, 63,3 x 63,3 cm
Doação artista
Aquisição
Doação artista, 2012
Condições de reprodução
O uso de imagens e documentos é permitido para trabalhos escolares e universitários com caráter de pesquisa e sem fins lucrativos. Junto à reprodução, deve sempre constar obrigatoriamente o crédito à fonte original (quando houver) junto ao crédito: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Os direitos autorais são de propriedade de seus respectivos detentores de direitos, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA – Lei no 9.610/1998). O MACRS não detém a propriedade de direitos autorais e não se responsabiliza por utilizações indevidas praticadas por terceiros.
Exposições e prêmios
Exposição: Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS. Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG), Pelotas, RS, 2022.
|Exposição: Do Corte. Luciana Brito Galeria, São Paulo, SP, 2012.
Histórico de publicações
BULHÕES, Maria; PELLIN, Vera; VENZON, André [org]. Catálogo acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. 1. ed. Digrapho Produções Culturais, Porto Alegre, 2021. p. 138. Catálogo de Acervo. Disponível em: https://acervomacrs.wpcomstaging.com/catalogo/. Acesso em 22 de abril de 2022.
|LOBATO, Pablo. Do corte. São Paulo: Luciana Brito Galeria, São Paulo, 2012. (catálogo da exposição).
Mídias relacionadas
"Viajava pelas estradas de Minas Gerais, no banco do passageiro, quando fui assaltado pela imagem guia desse trabalho. Eu olhava meio de lado a paisagem do cerrado, atravessando o quadro da janela. Vez ou outra, grandes placas publicitárias invadiam meu campo de visão, querendo vender algo. Ao me colocar num ponto de vista mais na perpendicular, ficava fascinado por constatar algo bastante simples, uma espécie de fenda. Por uma pequena mudança de ângulo, as grandes imagens não eram mais vistas. Depois fui entender que a fotografia serviria a essa imagem, lançando uma espécie de convite para outras formas de olhar. O apagamento de algo impositivo, o silêncio gerador de um novo entorno, o rasgo da luz e a evidência do suporte. Esse foi o começo, e a continuidade" (LOBATO, 2022).
|"Por entre enigmas, silêncios, extravios, Pablo Lobato faz da imagem uma singularidade qualquer. E, por isso mesmo, inaugura-se um “ter-lugar”, pois as coisas, os lugares, as pessoas elaboram, nos vídeos e fotografias de Lobato, uma espécie de indiferença diante do filmado. Neste sentido, os lugares abandonam seus predicados mais óbvios para adquirirem outros, afirmando uma pertença. Esta estratégia é reforçada por deslocamentos do olhar que, às vezes, observa a cena de esguelha, ou a surpreende chegando por trás, como nas obras Front Light e Bronze Revirado, por exemplo. Pablo Lobato aproxima-se da idéia do enigma que, segundo Giorgio Agamben, confirma sua essência ao criar a expectativa vã. Portanto, a imagem tem esta potência, este pathos, de nos colocar como idólatras de um acontecimento comum, a queda de um copo, o badalar de sinos, uma dança, uma brincadeira, mas que de tão patético nos faz petrificar. Isto significa que “o fato enigmático se refere apenas à linguagem e à sua ambiguidade”. Mas a imagem pode dotar de mistério o “qualquer”. E assim o faz no gesto de enunciação, gesto que tenta apresentar, “ter-lugar”, oferecendo-nos não o significado, mas a perplexidade diante do limbo, do ainda por vir. Em Front Light, vemos o que já conhecemos, placas de estradas para anúncios publicitários. Porém, Pablo Lobato torna o inteligível, enigma. Sim, pois diante de tão óbvia imagem, por que não destituí-la de seu objetivo principal, anunciar? Com isso, a fotografia enuncia, trocando o que podia ser singular, a imagem veiculada, pela estrutura mesma do que nos faz ver melhor, a iluminação. Os holofotes, agora, iluminam o indizível, o inimaginável, o “ter-lugar”, mais do que o entre-lugar. Para Agamben o “terlugar” é o que transporta o objeto para a simples presença, para a alteração de endereçamentos, para os extravios. Em Castell, as enunciações novamente sobrevêm. Diante da cena do vídeo, identificamos um “ator” no centro: trejeitos de ansiedade, olhares de expectativa. Isso vai tornando-o um protagonista do qualquer. Logo, o aglomerado de gente se forma ao seu redor. E ali, associamos a imagem a distintos predicados: são sujeitos da bolsa de valores, do mercado financeiro? Estariam à espera de uma disputa? A espera, inicialmente, é longa. Logo a perplexidade nos faz companhia, como em outros filmes de Lobato. A aglomeração ganha ares circenses, e a exibição de competências faz dos homens, colunatas, como estruturas para erigir castelos. Apenas com o decorrer da cena identificamos e damos sentido aos elementos, entendemos o porquê de portarem faixas na cintura, percebemos o motivo de estarem, todos, descalços, mas a secção superior da cena contribui para tornála ainda mais enigmática. Mas o enigma não é, não consegue “captar o ser”. “Esse é o verdadeiro enigma, perante o qual a razão humana pára, petrificada”.(CAMPOS, 2013)
|"Front light é o nome da série de fotografias que Pablo Lobato começou a produzir em 2012. De um negro aveludado, que evoca a manière noire de antigas gravuras, estas imagens nos dizem em silêncio – há algo para ser visto. E o que se vê são gradações acinzentadas de um corte vertical, iluminado por luzes brancas. Revelam-se aos poucos outras tonalidades, penumbras noturnas e horizontes. Front light é também o nome dado a um tipo de mídia para espaços externos, muito usada pela publicidade, que consiste em um painel rígido e suspenso, onde grandes imagens são aplicadas. O painel é sempre iluminado por refletores, possibilitando a visualização eficiente do objeto a uma longa distância. Este aparato está a serviço da comunicação plena do que se quer vender, estabelecendo a evidência de um sol a pino, mesmo durante a noite. Na série Front light, o artista toma para si o funcionamento que a mídia homônima impõe à paisagem e o subverte, desfazendo a frontalidade para instaurar uma outra perspectiva, perpendicular aos feixes de luz. Cria-se uma espécie de eclipse sobre o conteúdo da cena. A assimetria entre os campos da comunicação e da arte é assim evidenciada, a favor de uma reconciliação sensível com o que existe. Esta economia do gesto, investida na apropriação, é um procedimento recorrente na poética do artista, que se dedica à articular forças disponíveis para, em suas palavras, “rearranjá-las, criando proposições para novas formas de olhar”." (PANADÉS, 2012)
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