-
Espaços para esconderijos
- Voltar
Miniatura
Compartilhe
Número de registro
MAC0595
Título
Espaços para esconderijos
Autoria
Ano
2011
Denominação
Material/Técnica
Suporte/Mídia
Dimensões
147 x 128 x 4 cm (políptico de 16 partes)
Local de produção
Notas descritivas
A obra Espaços para esconderijos é formada por um conjunto de 16 fotografias em preto e branco, em diferentes tons de sépia, medindo 28x24cm cada, emolduradas individualmente. As fotografias exibem diferentes pontos de vista de um mesmo monte de feno cuja estrutura é denominada meda, ou seja, amontoados de feixes de trigo, palha, etc., arrumados de forma piramidal e apoiados em uma vara vertical que dá sustentabilidade ao montante. Além das medas, pode-se perceber nas imagens alguns elementos de paisagem rural, como um terreno gramado, um barranco e um arvoredo. Sobre cada uma das 16 imagens da obra há um pequeno elemento gráfico que sugere o símbolo de tiro ao alvo. O sinal está posicionado em diferentes pontos de cada uma das fotografias. A última das 16 imagens é a única em que o ponto de vista do monte de feno está tão próximo que vemos apenas a textura da palha, sem referências da paisagem como um todo.
Elas estão agrupadas em 4 linhas e 4 colunas. Ao olharmos o conjunto fotográfico começando de cima para baixo, da esquerda para a direita teremos as seguintes imagens:
Na primeira linha da primeira coluna a fotografia é em preto e branco. O tema foi registrado a uma certa distância, de modo que podemos ver a paisagem na qual está inserido. Tomando a regra dos terços como base para a compreensão do enquadramento observamos que a estrutura de feno ocupa a parte central da imagem. Na linha inferior, em primeiro plano há um terreno gramado sobre o qual a meda está posicionada. Em segundo plano, na linha central, há um barranco que fica atrás da estrutura de feno. Na linha superior em terceiro plano temos um arvoredo. A composição se repete na quarta coluna da segunda linha. Na primeira fotografia o gráfico de tiro ao alvo está posicionado ao lado da meda, próximo do canto direito de sua base. Na segunda imagem está posicionado sobre a meda, no canto esquerdo de sua base.
Na primeira linha da segunda coluna a fotografia é preto e branco. A estrutura de feno ocupa o primeiro plano da imagem. Ela forma um triângulo cuja base ocupa toda a linha e as colunas inferiores da composição. Na linha central o motivo ocupa toda coluna central e partes das colunas laterais. Na linha superior temos a ponta do “triangulo”. Ao fundo é possível ver o arvoredo.Esse enquadramento se repete em outras seis fotografias: primeira, segunda e terceira coluna da segunda linha; terceira coluna da terceira linha; primeira e segunda coluna da quarta linha. O gráfico de tiro ao alvo está posicionado sobre diferentes pontos em cada uma das estruturas de feno.
Na primeira linha da terceira coluna a fotografia é sépia. A meda foi registrada em outro ângulo. Novamente temos um enquadramento no qual o objeto forma um triângulo cuja base ocupa toda a linha e as colunas inferiores da composição. Neste, porém a estrutura é mais arredondada. Na linha central o motivo ocupa toda coluna central e partes das colunas laterais, onde também se vê fragmentos de árvores e de uma estrada. O alvo foi posicionado na célula da direita. Na linha superior temos a ponta do “triangulo”, mas ao fundo vemos o céu e apenas duas árvores. Esse enquadramento se repete em outras duas fotografias: quarta coluna da primeira linha e quarta coluna da terceira linha. Novamente o gráfico de tiro ao alvo está posicionado sobre diferentes pontos em cada uma das estruturas de feno.
Nas primeira e segunda colunas da terceira linha, assim como na terceira coluna da quarta linha, a meda ocupa quase toda a área da composição, formando um triângulo. Na parte superior da estrutura vê-se uma coluna fina de madeira que emerge da parte interior. Nestas fotografias os gráficos estão sobre as medas, respectivamente no canto direito, esquerdo e, novamente, direito de sua base.
Na quarta coluna da quarta linha temos um fragmento da meda no qual pode-se ver com clareza a textura da palha. O alvo está na parte superior direita da imagem.
Texto para etiqueta
Carlos Pasquetti
(Bento Gonçalves/RS, 1948 - Porto Alegre/RS, 2022)
Espaços para esconderijos, 2011
Fotografia sobre papel
147 x 128 x 4 cm
Aquisição por compra e Doação AAMACRS / Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2010, Funarte
Aquisição
Aquisição por compra e doação AAMACRS / Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2010, Funarte
Créditos da fotografia
Condições de reprodução
O uso de imagens e documentos é permitido para trabalhos escolares e universitários com caráter de pesquisa e sem fins lucrativos. Junto à reprodução, deve sempre constar obrigatoriamente o crédito à fonte original (quando houver) junto ao crédito: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Os direitos autorais são de propriedade de seus respectivos detentores de direitos, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA – Lei no 9.610/1998). O MACRS não detém a propriedade de direitos autorais e não se responsabiliza por utilizações indevidas praticadas por terceiros.
Textos críticos
Texto Crítico
As 16 fotografias que compõem a obra Espaços para Esconderijos registram diferentes pontos de vista de um mesmo monte de feno, estruturas denominadas medas. Sobre cada uma das 16 fotografias que compõem a obra, há um pequeno sinal gráfico, um ponto com um círculo em sua volta, como se fosse um alvo. Realizada inicialmente em meados da década de 1970, esta obra remete ao clima de perseguição política vivenciado no Brasil, sobretudo no período da Ditadura Militar. As fotografias de um mesmo objeto em diferentes distâncias e pontos de vista, associadas ao elemento gráfico alvo, sugerem que alguém está escrutinando aquele montante de palha em busca de algo. Ao mesmo tempo, a ideia de que alguém pudesse esconder-se em algo como um monte de palha que se destaca em uma paisagem rural, soa entre inusitada e inverossímil. Também é interessante notar a relação dessa obra com a noção de montagem cinematográfica, onde as narrativas são construídas a partir de diferentes sequências de imagens. De fato, dentro do conjunto de 16 fotografias, podemos perceber que existem apenas quatro imagens realmente diferentes umas das outras, mas o jogo entre elas, a montagem, provoca a sensação de um conjunto totalmente diverso. Além disso, podemos supor que a expressão “agulha no palheiro”, que designa algo muito difícil de ser encontrado, e o termo “meda”, que designa essas formas de organização de feno, tenham interessado ao artista por suas ambiguidades. Até final dos anos 1980 era comum alterar o gênero de uma palavra para expressar o contrário do seu significado. Assim, dizer algo como “que meda” frente a uma situação de risco significaria “não tenho medo”. Ou seja, é uma forma irônica de se enfrentar uma situação na qual a pessoa ameaçada desdenha, ironiza, a ameaça que está sofrendo.
Autoria
Comentários/Dados históricos
A obra é datada de 2011, de autoria do professor, pintor e desenhista Carlos Pasquetti (1948, Bento Gonçalves/RS - 2022, Porto Alegre/RS), e intitulada “Espaços para Esconderijos”, série de 16 fotografias reeditadas para sua mostra na 8º Bienal do MERCOSUL. O trabalho conversa diretamente com a fotografia “Espaço para Esconderijo”, sendo esta uma única foto, que foi apresentada ao público, pela primeira vez, na exposição “Planos e Ideias”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), em 1976.
A obra foi doada ao Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), por meio da Associação de Amigos do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (AAMACRS), após a associação adquirir as obras através do projeto “MAC-21”, que teve curadoria de Paulo Gomes, na seleção dos artistas e obras. O projeto “MAC 21” recebeu o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, em 2010, e foi executado entre 2011-2012. Prêmio este, que teve como objetivo a aquisição de obras destinadas ao preenchimento de lacunas pontuais em acervos de instituições museológicas, públicas e privadas. A obra foi apresentada ao público, como acervo do museu, na exposição "MAC 21 - Um Museu do Novo Século", entre 16 de dezembro de 2014 a 08 de março de 2015, com curadoria de Paulo Gomes, sendo ela considerada um marco na história do museu.
Exposições e prêmios
-Exposição: Volúpia Construtiva - Prazer e Ordenamento em Desenho sobre papel no Acervo MACRS. Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6º andar, Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, RS, 2014.
|- Exposição: Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS. Galeria Xico Stockinger, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6º andar, Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, RS, 2022.
|- Exposição: Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS, Recorte Língua Viva. Galeria Edmundo Rodrigues, Complexo Palacete Pedro Osório, Bagé, RS, 2022.
|- Exposição: Relações de Pesquisa: Acervo MACRS em rede. Galeria Xico Stockinger, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6 º andar, Casa de Cultura Mário Quintana. Porto Alegre, RS, 2022.
|- Exposição: Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS, Recorte Corporificações. Galeria Municipal de Arte Gerd Bomheim, Caxias do Sul, RS, 2022.
Histórico de publicações
BARCELLOS, Vera [org]. Silêncios e Sussurros. Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, 2011, p. 30. Catálogo de Exposição. Disponível em: https://issuu.com/rokaestudio/docs/fvcb_catalogosilenciosesussurros. Acesso em 15 de julho de 2022.
|BULHÕES, Maria; PELLIN, Vera; VENZON, André [org]. Catálogo acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. 1. ed. Digrapho Produções Culturais, Porto Alegre, 2021. p. 70. Catálogo de Acervo. Disponível em: https://acervomacrs.wpcomstaging.com/catalogo/. Acesso em 14 de abril de 2022.
|FERREIRA, Cláudio Barcellos Jansen. A ironia no trabalho de Carlos Pasquetti: A autoimagem Performatizada como aporia. UFRGS. 2017. p. 93 - 95. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/169579/001051130.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 13 de abril de 2022.
|FERREIRA, Cláudio Barcellos Jansen. A memória do corpo fotografado: liberdades da ironia no trabalho de Carlos Pasquetti. UFRGS, 2015, p. 709-718. Disponível em: http://www.cbha.art.br/coloquios/2016/anais/pdfs/4_claudio%20barcellos.pdf. Acesso em 13 de abril de 2022.
|FERREIRA, Cláudio Barcellos Jansen. Carlos Pasquetti, Arte e Fotografia: Décadas de 1960 e 1970 em Porto Alegre. Palíndromo, v.10, n.22, 2018, p. 143-166. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/10535. Acesso em 13 de abril de 2022.
|FERREIRA, Cláudio Barcellos Jansen. Desdobramentos da Imagem Fotográfica na obra de Carlos Pasquetti: Contaminações entre imagem mecânica, imagem autográfica e encenação. UFRGS, Porto Alegre, 2013. p. 56 - 70. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/87635/000911671.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 20 de julho de 2022.
|GOMES, Paulo. O Projeto MAC-21: Compartilhando uma experiência de exceção. Porto Alegre/Brasil, 2017. 12 páginas. Disponível em: http://academiademedicinars.com.br/wp-content/uploads/2021/08/2.3.-Museu-de-Arte-Contempor%C3%A2nea-do-Rio-Grande-do-Sul-MACRS-1.pdf. Acesso em 14 de abril de 2022.
|RAMOS, Alexandre [org]. 8 Bienal do Mercosul: ensaios de geopoética. Fundação Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 2011, p. 440 - 443. Catálogo de exposição. Disponível em: https://cadernodevoyage3.files.wordpress.com/2012/09/catalogo_8_bienal_mercosul.pdf. Acesso em 21 de julho de 2022.
Eventos relacionados
Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS | Relações de Pesquisa: acervo MACRS em rede
Mídias relacionadas
“Carlos Pasquetti, um dos mais importantes artistas brasileiros de sua geração, em Esconderijo, uma foto dos anos 1970, onde um fardo de feno no meio de um campo é assinalado por dois círculos concêntricos, também estabelece uma relação natureza e ação do homem. Mas, neste caso, há uma dupla ação: a interferência sobre elementos naturais na relação homem terra, retratada na fotografia, e a ação do artista traçando os círculos concêntricos sobre a foto; uma representação interferida que atribui à imagem um novo significado. Desde então, até sua farta produção mais recente, seja de poderosos desenhos ou instalações instigantes, a obra de Pasquetti se resguarda de qualquer tentativa de fácil interpretação. No entanto, pela época em que foi produzido, quanto, pela à diversidade de opiniões, o trabalho poderia ter uma conotação política". (CARVALHO, 2010, p. 30). Disponível em: https://issuu.com/rokaestudio/docs/fvcb_catalogosilenciosesussurros. Acesso em 15 de julho de 2022.
|"O artista tem realizado obras ambientais e instalações que remetem de forma poética à agilidade do expor e do levar, ou a uma visualidade plena de signos enigmáticos que cultivou ao longo dos anos. Personaliza, ao mesmo tempo, com sua obra, uma trajetória apoiada no universo limítrofe entre a pintura e objetos tridimensionais, questionando sempre o “conteúdo móvel”, como diz ele, assim como “a ideia da ação e o deslocamento do próprio trabalho e sua inserção em espaços e situações”. (AMARAL, 2011, p. 04). Disponível em: http://fvcb.com.br/site/wp-content/uploads/2012/05/Carlos-Pasquetti.pdf. Acesso em 13 de abril de 2022.
|“Pertencente a uma geração eminentemente experimental, dos anos 1970, Pasquetti tornou-se conhecido por seus desenhos, Super-8 e fotografias seriais dessa década, contendo alusões diretas ou ambíguas à situação de exceção em que se vivia à época, em que se falava por meias palavras ou códigos a grupos extremamente reduzidos de interessados nesse tipo de trabalho. O artista tem realizado obras ambientais e instalações que remetem de forma poética à agilidade do expor e do levar, ou a uma visualidade plena de signos enigmáticos que cultivou ao longo dos anos. Personaliza, ao mesmo tempo, com sua obra, uma trajetória apoiada no universo limítrofe entre a pintura e objetos tridimensionais, questionando sempre o “conteúdo móvel”, como diz ele, assim como “a ideia da ação e o deslocamento do próprio trabalho e sua inserção em espaços e situações”. Diversos momentos da produção de Pasquetti estão representados neste evento e se constituem em registros de suas experimentações na turbulenta década de 1970, período em que se utilizava igualmente de fotografia e Super-8, como outros artistas de São Paulo e Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, uma instalação desse período, conhecida até agora somente através de fotografia e desenho sobre papel, será montada sob o título Espaço para esconderijo, retendo o sabor de um local de refúgio subversivo. Pasquetti é conhecido por sua irreverência criativa: pleno de humor, é artista multimídia (desenhista, pintor, criador de objetos móveis, fotógrafo) e lida, também, com fotografias polaróides, materiais perecíveis (como vegetais) e com materiais industrializados moles, nos quais se utiliza da confecção para montá-los. Completa sua participação uma ampla instalação tridimensional, intitulada Nina yrosa (2009/2011), uma de suas mais recentes especulações visuais, síntese da complexidade de sua trajetória, com combinação de objetos deslocáveis e pintura” (AMARAL, 2011, p. 441-442). Disponível em: https://cadernodevoyage3.files.wordpress.com/2012/09/catalogo_8_bienal_mercosul.pdf. Acesso em 22 de julho de 2022.
|“A produção de arte no Brasil, sobretudo, no período em que Carlos Pasquetti realizou Espaço para esconderijo (1973/1974) foi diretamente influenciada pela situação de censura imposta pela ditadura militar. Ainda que as artes visuais não tenham sido o foco principal da censura, a arte produzida na época não poderia passar incólume à ideia de ordem e silêncio imposta pelo governo brasileiro. Na mesma época, no hemisfério norte, surgia a Land Art, um tipo de arte em que a natureza, ao invés de prover o ambiente para a realização/apresentação de uma obra, é ela própria proposta como obra. O que, a princípio, parecia não ter relação direta, se transformou num prato cheio para os artistas latinoamericanos que, se apropriaram da natureza como cenário para suas investidas poético-políticas. Em sua obra, Carlos Pasquetti fez uso desses dois fatores nos oferecendo um monte de feno no campo que, na verdade, é um espaço para esconderijo. E quem dirá que não?” (ROCA, 2011, p. 14-15).
|“Nos anos que se seguirão Pasquetti criará uma série de fotografias de medas, igualmente denominadas Espaço para esconderijo, mas agora com intervenções gráficas sobre a imagem, ao invés da ação in loco. Essa mudança que afeta a dimensão poética de sua atuação pode ser considerada simbólica da transposição da criação da abertura “indicada” na meda verdadeira para a criação de um símbolo gráfico aposto à meda fotografada. Apesar da aparente equivalência propositiva entre as duas imagens a diferença se torna extremamente significativa no momento que o artista estabelece uma conexão direta e, principalmente, nevrálgica entre a fotografia e o desenho. O “funcionamento” da imagem fotográfica como iteração indicial de uma proposição é interseccionado pela incorporação de um conjunto de círculos concêntricos que agem como símbolo gráfico, referência de acesso à forma fechada da meda. A substituição da ação da intervenção realizada no local onde a meda foi construída, e registrada fotograficamente, pela ação do desenho sobre a fotografia de uma meda, sem qualquer intervenção prévia do artista, reafirma a superficialidade de ambas as ações”. (FERREIRA, 2013, p. 63). Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/87635/000911671.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 26 de outubro de 2022.
|“Desde a primeira atitude conceitualista de Pasquetti sobre uma meda ele guardou a imagem que provocou a necessidade de apropriar daquele espaço, aquele signo, à sua arte. A fotografia da primeira intervenção do artista em uma meda, no trajeto entre Porto Alegre e Bento Gonçalves, foi um registro conceitualista, uma visão específica sobre aquele fato artístico. A montagem realizada em cada oportunidade, das leituras possíveis, das linguagens através das quais uma obra é dada, proporciona uma experiência individual para quem a vê. Se houvesse a possibilidade de visitar o ano de 1972 e observar a meda na exato posição em que foi fotografada, essa experiência seria completamente diferente da proporcionada pela obra fotográfica. A construção da meda na 8º Bienal do Mercosul é a projeção de uma montagem de obras do artista em pelo menos quatro desdobramentos: 1 - Emprega o signo que a meda configura, 2- remete a atitude conceitualista de 1972, 3 - alude a fotografia dessa atitude, 4 - materializa o desenho na instalação feita no museu”. (FERREIRA, 2013, p. 101-102). Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/87635/000911671.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 26 de outubro de 2022.
|"Em 1972, quando foi realizado esse trabalho, apesar do recrudescimento da ditadura, a arte local começava a assumir as diversas influências dos movimentos que seriam mais tarde classificados como pertencentes à arte contemporânea. Pasquetti, que nesse mesmo ano havia realizado uma ação emblemática em sua carreira, intitulada Espaço para esconderijo, inclui de maneira velada em seu trabalho uma crítica irônica à dificuldade de convivência com o cerceamento e a perseguição. Ele pessoalmente havia sido preso pela ditadura. E nesse contexto de diluição de instituições, de ascensão da incerteza, de desestabilização da sociedade, o artista se retrata em uma ação explosiva mas intimista". (FERREIRA, 2015, p. 717). Disponível em: http://www.cbha.art.br/coloquios/2016/anais/pdfs/4_claudio%20barcellos.pdf. Acesso em 13 de abril de 2022.
|"Sobre Espaço para esconderijo (1972), ele me contou que foi preso pela ditadura, então é uma associação bastante plausível, que é o espaço para esconderijo, que depois ele desenvolveu em vários desenhos e inclusive em 75 foi premiado aqui no IA. São representações da meda e que tem toda essa questão de espaços sigilosos e ele escreve isso, tem essa relação também com a preocupação com a situação política. A representação em relação a uma situação exterior, para mim a ironia de usar essa estrutura tão frágil como um esconderijo é uma coisa que me lembra, por exemplo, o avestruz. Poderia fazer alusão com o uso da arte contra a ditadura, também é uma pista". (FERREIRA, 2017, p. 186). Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/169579/001051130.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em 13 de abril de 2022.
|"A característica da land art que contribuiu para a aceitação da fotografia no sistema das artes, ao menos como documentação, foi a realização de suas proposições em lugares afastados dos centros onde geralmente se encontravam as instituições expositoras. Espaço para esconderijo é o registro de uma proposição cuja ação se efetivou em algum lugar no interior do Rio Grande do Sul, eventualmente no caminho que o artista percorria quando viajava para sua cidade natal. Nessas primeiras imagens de medas, estruturas montadas com o agrupamento de palha sobre uma estrutura de madeira, há a intervenção in loco de abertura de uma “entrada” para o suposto esconderijo". (FERREIRA, 2018, p. 156). Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/palindromo/article/view/10535. Acesso em 14 de abril de 2022.
|“Carlos Pasquetti também é um artista bem representado nas coleções públicas, principalmente sua obra como desenhista, mas faltava um trabalho que desse a dimensão conceitual de sua obra de modo incisivo. Com ele tivemos a oportunidade rara de conversar em sua exposição, o que permitiu uma ampla série de considerações em torno de sua obra e também fazer os paralelos entre suas obras de outros momentos e a atual. A negociação com Pasquetti se deu no sentido de fazê-lo sentir-se bem e significativamente representado: as opções por Espaços para esconderijos, série de 16 fotografias p&b, de 28x24cm (1973/1975), reeditadas para sua mostra na Bienal do MERCOSUL em 2011, e Diálogos Silenciosos, série de 17 fotografias, de 100x60cm (1974/1975), dá ao MAC a possibilidade de contar com uma obra de grande valor estético e grande significado político”. (GOMES, 2017, p. 07). Disponível em: http://academiademedicinars.com.br/wp-content/uploads/2021/08/2.4.-Museu-de-Arte-Contempor%C3%A2nea-do-Rio-Grande-do-Sul-MACRS-2.pdf. Acesso em 26 de outubro de 2022.