Descrição
"Não se pode dizer que o calor e a luz não existam sob a forma de um paradoxo. Se exibir a luz é deter o brilho e, se emanar o calor é dividir o corpo, nada mais do que se pense ser a priori condições de existência, pode, em algum momento, constituir uma soma.
Tornado possível sob esse paradigma, um paradoxo seria ao mesmo tempo um hiato entre o qual o pensamento subsiste artificialmente. Tal suposição, não fosse um meio de pensarmos sobre a condição do homem e da obra, significaria o resultado de conjecturas convenientes, locadas para uso próprio.
A divisão de um mundo comum pode ser no máximo produto de um acordo. As fronteiras que afastam e aproximam, constituem na verdade, o produto de um desejo, sob o qual se busca um caráter exemplar das coisas.
Se perseguirmos, por exemplo, a razão conceitual que une esses trabalhos, estamos na verdade procurando obter uma relação diádica, cuja única saída seria a tríade, a consciência das arestas de nossa presença. Cinismo à parte, não podemos ver a obra sozinha, somente em relação à outra. Vemos no entanto, muitas vezes, em relação a nós mesmos. Mas não é somos obra, nem somos corpo. Somos a consciência de um terceiro, que pode constituir um ponto de referência para intermediários.
Constituir esta exposição é um evento comemorativo.
Mas não é, como em alguns casos, uma espécie de terapêutica institucional. Interessa na verdade construir uma irrupção
construtiva de pensamento, que mesmo com a tutela onipresente do Estado, não infantiliza a complexidade social de projetos que são na verdade agenciamentos coletivos da libido das coisas, buscando conectá-las a possibilidades cada vez mais abertas a uma dimensão societária."