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A linha dá o ponto, a linha dá o caminho
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Anexos
Título
A linha dá o ponto, a linha dá o caminho
Tipo de atividade
Ano
2023
Período
Início
23/11/2023
Término
03/03/2024
Artistas/Participantes
Curadoria
Realização
Realização: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul
Origem das obras
Descrição
A linha dá o ponto, a linha dá o caminho é o resultado dos mais recentes desdobramentos de pesquisa artística de Aline Bispo. Com curadoria de Alexandre Bispo, essa é a primeira exposição individual no âmbito institucional da artista e apresenta trabalhos desenvolvidos durante um processo de investigação aprofundado em diversos lugares do Brasil. Nesta jornada ela mergulhou profundamente em temáticas relacionadas à identidade brasileira, observando questões que tangenciam construções como a miscigenação, o gênero e o sincretismo como forma de encontro e embate nas esferas religiosa e cultural. A mostra no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), apresenta trabalhos inéditos entre pinturas, esculturas e instalação, originados a partir dessa investigação.
Segundo Aline, sua primeira motivação para esse projeto foi o desejo de dar continuidade a sua pesquisa que parte do olhar para si colocando em prática uma metodologia de pesquisa pautada no conceito de corpo-território. Nesse processo o axé é o ponto de encontro capaz de expandir a autocompreensão e a forma como a artista se vê no mundo. Para ela vivenciar e registrar essas festividades é se conectar com esses pontos de encontro que passam pela construção brasileira e suas diversas influências e voltar para si, se reconhecendo também como resultado dessas construções.
Durante o período de um ano, Aline embarcou em viagens para documentar e participar de diversas festividades religiosas pelo país. Sua jornada começou na cidade de Aparecida, no interior de São Paulo, onde participou da festa de Nossa Senhora Aparecida. Em Salvador, a artista se envolveu na celebração de Iemanjá, participando dos diversos cultos que fazem parte dessa festividade. Em Porto Alegre, vivenciou o Bará do Mercado, um patrimônio histórico e cultural da cidade. Em Cavalcante, Goiás, Aline participou da Caçada da Rainha, uma tradição centenária que envolve folias, cortejos, batuques e missas. Ela retornou à Bahia, no município de Cachoeira, para participar da Festa da Boa Morte, uma celebração que envolve o sincretismo entre o catolicismo, o candomblé e a conexão com mães de vários cultos que se unem à Irmandade da Boa Morte. A jornada culminou na Festa de Feira de Baianos, um culto aos encantados que ocorre no terreiro ao qual a artista pertence, localizado em Itapecerica da Serra, São Paulo.
Aline apresenta uma exposição fascinante que se desdobra em múltiplas formas de expressão. A série de seis pinturas inéditas destaca-se por ser a primeira vez em que a artista
incorpora aplicações em ouro, criando imagens únicas. Essas obras de arte foram inspiradas por cenas e personagens que Aline encontrou durante suas viagens, capturando momentos significativos. Além das pinturas, a exposição também abriga sua primeira instalação: um altar composto por 10 figuras de gesso, cada uma delas cuidadosamente envolta em tecido e fios de contas. O altar inclui outros objetos com o propósito de conferir uma roupagem renovada a elementos que, ao longo dos anos, foram usados pelas religiões de matrizes africanas, incorporando símbolos católicos e cristãos para expressar sua fé. A intenção aqui é resgatar essa tradição, não necessariamente do ponto de vista ritualístico, mas como um testemunho histórico. Cada figura no altar é adornada com fios de contas, alguns envolvendo todo o corpo, enquanto outros se concentram apenas na cabeça, evocando rituais populares em que as expressões comuns incluem a raspagem da cabeça em homenagem aos orixás.
A necessidade de Aline Bispo de visitar e interagir com uma variedade de espaços físicos, espirituais e festivos surge da busca por entender os sincretismos e hibridismos culturais. A exposição abraça festividades locais, casas, aldeias e terreiros como locais de pesquisa, reconhecendo suas contribuições para as múltiplas facetas da brasilidade. Essa exploração é concebida como uma extensão do próprio corpo-território de Aline e um meio de documentar e dar vida às histórias brasileiras por meio de encontros, trabalhos manuais, expressões de fé, arranjos, flores, fitas, tecidos e memórias.
Condições de reprodução
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