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O trabalho artístico de Allann Seabra tem origem na música erudita, sua primeira formação. Já nas artes visuais, iniciou sua produção com esculturas criadas a partir de objetos que eram descartados da fábrica de sua família. Da escultura, passou a se dedicar à gravura, em matrizes que gravou sobre a partitura de uma música de Beethoven. Agora, em “Sudário”, apresenta sua produção mais recente no campo da pintura, cujo resultado é obtido unicamente pela ação do corpo do próprio artista – coberto de tinta – sobre a tela, sem a utilização de instrumentos como pincéis ou espátulas. “Dessa forma, o artista investiga seu corpo e desdobramentos, em uma íntima relação com a pintura. O resultado é intrigante, forte e belo”, comenta a galerista Bianca Boeckel.
Inspirado principalmente pela série “Antropometria” (1960), de Yves Klein – em que modelos nuas eram cobertas de tinta, e posteriormente se “carimbavam” em telas ou eram arrastadas sobre o suporte, imprimindo assim as obras icônicas do artista –, Allann Seabra faz uso deste processo como referência, porém utilizando seu próprio corpo. Em suas observações: “Acredito que desta forma, o artista se aproxima ainda mais de quem terá contato com a obra, seja o espectador ou o colecionador”. O título “Sudário”, meramente poético, propõe a evidência da presença de um corpo na elaboração da obra.
Se, por um lado, Allann Seabra busca uma libertação em relação às técnicas tradicionais, por outro, se preocupa com uma coesão estética, um equilíbrio pictórico e de contraste. “Os movimentos são abstratos e sensoriais, em gestos largos, espaçados como em uma música. Não são planejados, mas o resultado sim. Em telas de grande porte, busco transmitir uma sensação de explosão de movimentos, texturas, de expressão”, conclui o artista.
Reportagem: https://artebrasileiros.com.br/tag/allan-seabra/. Acesso em 20/06/2024