“Sem Título”, de Ruth Schneider é uma pintura, sem data, realizada na técnica óleo sobre tela, com dimensões de 100 x 150 cm. A obra conta com um fundo de rosa intenso e como cenário, um palco, com uma mesa verde ao centro da tela, que assemelha-se a um palanque. Há três personagens na tela, cada um posicionado sob um degrau laranja. O personagem à esquerda da tela trata-se de um homem, com cabelo preto, rosto maquiado com pigmento amarelado, conjunto de camisa de manga comprida e calça azul com listras verticais pretas, sapatos pretos e está segurando a mão do(a) segundo(a) personagem, que está com o corpo em direção contrária ao mesmo. O(a) personagem ao centro da tela, de gênero não definido, tem cabelo ruivo e está trajado de um corpete nas cores amarela e vermelha, meias amarelas com bolinhas pretas e sapato laranja e se encontra com o corpo direcionado para a terceira personagem e com a boca aberta, aparentando estar comunicando algo para a mesma. A personagem à direita da tela trata-se de uma mulher, com cabelo loiro, trajada de vestido azul cintilante, meias vermelhas e sapato preto e acena para o(a) personagem de gênero fluído, aparentando corresponder a tentativa de comunicação da personagem anterior. Os três personagens parecem estar com as emoções exaltadas.
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Textos críticos
Texto Crítico
O trabalho de Ruth Schneider une a vida e a arte. Com elementos autobiográficos e um quê de ficção, a artista em suas obras retrata sua curiosidade acerca de temas sensuais e a observação decorrente do cotidiano, em específico dos relatos de seu padrasto, Seu Antão, no Cassino da Maroca, localizado na Rua XV de Novembro, no município de Passo Fundo-RS, ponto de convergência de cassinos, bares, bordéis na referida cidade gaúcha. A obra “Sem Título” retrata um pouco os personagens que fazem parte da dita ‘marginalidade’ da cidade, em específico, das ‘marocas’, que segundo Carmo (2015) é como Ruth carinhosamente chama as profissionais do sexo em seus quadros e, a clientela, composta por homens de grandes recursos, que frequentavam os cassinos de Passo Fundo. A obra demonstra um desentendimento entre um homem e uma profissional do sexo, que é acudida por outra colega de profissão. O conjunto de trabalhos de Ruth a respeito do Cassino da Maroca, por sua expressividade, presença de cores fortes e narrativas marginalizadas fez grande sucesso em eventos como a 21ª Bienal de São Paulo, realizada no ano de 1991 e demonstra que o processo criativo, pode tanto servir como atividade terapêutica e superação de desafios pessoais por parte da artista, que converteu o luto em decorrência a morte dos seus filhos numa incessante vontade de produzir arte; quanto servir como ferramenta para a representatividade e respeito a minorias representadas em seu trabalho.
