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Textos críticos
Texto Crítico
A produção de Marco Giannotti (São Paulo/SP, 1966) é caracterizada pela busca de sua própria condição de ofício enquanto pintura reflexiva, inserindo-se em uma categoria de trabalhos em que a forma é dada no decorrer do próprio processo de produção da obra. O exercício da pintura seria, assim, refeito a cada momento como meio de resgatar uma essência que a modernidade, pelo peso da tradição do novo, teria suprimido.
Giannotti participou do Ciclo Arte Brasileira Contemporânea em 1994 com a exposição “Fachadas”, composta por obras cromáticas distintas e em grande escala. Estas aberturas ora levam para dentro, ora se projetam para fora, remetendo ao problema central da arte contemporânea: o seu lugar. Uma sequência com fachadas de janelas, portas, praças e frestas insinuadas em superfícies coloridas, foram colocadas lado a lado formando um círculo irregular e sugerindo um lugar efetivo no amplo e aberto espaço do museu, oferecendo ao olhar um horizonte diverso. A referência é a imagem da cidade criada pela pintura pré-renascentista onde a justaposição plana dos espaços dominava a perspectiva, entendendo que a rua forma um todo fechado onde o olhar não se perde no infinito, já a fachada é vista de perto implicando proximidade.
A obra “Fachada em Azul e Vermelho” de 1993 compõe o acervo do MACRS e se relaciona com a poética do artista que compreende a arte como fenômeno vivo. A ideia é de que a experiência estética escape à tela e seja capaz de criar um lugar no mundo contemporâneo, de maneira a firmar uma relação física com a obra. Apesar das cores escuras e das grandes dimensões, a tela é dotada de uma leveza que se contrapõe à materialidade das ogivas de catedrais e cria um efeito de atmosfera inspirado na representação do arco enquanto portal e marco zero da arquitetura.
