Crédito foto: Thiele Elissa

O Acervo do MACRS reúne 2.169 obras de arte, desde a década de 1960 até os dias atuais, abrangendo diferentes linguagens das artes visuais, como pintura, escultura, gravura, cerâmica, desenho, fotografia, instalação, performance e vídeo.

O projeto Tainacan MACRS

Em 2021, o MACRS, em parceria com o projeto de extensão Gestão de Acervos Museológicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), coordenado pela professora Ana Celina Figueira da Silva e pelo museólogo Elias Machado, do curso de Museologia/UFRGS, deu início ao projeto de implementação do repositório digital Tainacan no MACRS, uma plataforma flexível e democrática de difusão e preservação de acervos de instituições culturais na internet, cujo objetivo é disponibilizar on-line o acervo artístico do Museu.

Através de um plano de trabalho elaborado pelo Setor de Acervo do MACRS, seguindo a metodologia proposta pela consultoria com a Museologia, a equipe desenvolveu como primeiro passo um estudo de padrão de metadados (similares, por exemplo, às configurações dos campos que farão parte de um “formulário”, ou aos campos de uma “ficha museológica”), que contemplassem todas as especificidades de um museu de arte contemporânea. Ao final dessa etapa foi estabelecido o conjunto de metadados do MACRS, formado por 50 campos descritivos que compõem a ficha de documentação museológica do acervo. No segundo passo do projeto, estudou-se o uso de vocabulários controlados em acervos de arte contemporânea, através da investigação de terminologias utilizadas por outras instituições desta tipologia. Procurou-se também vocabulários específicos para metadados como identidade de gênero e orientação sexual, localizações geográficas e formatos de arquivos digitais. O resultado desta fase foi a produção de um arranjo de vocabulários controlados e glossário de termos do MACRS. A etapa final, atualmente em andamento, contempla a publicização do acervo museológico do MACRS no Tainacan.

Em agosto de 2022, em ocasião do Dia do Patrimônio Cultural, o MACRS disponibilizou um conjunto de obras na plataforma, advindas da coleção piloto, que corresponde às obras que participaram da exposição “Matéria Difusa – um olhar sobre a coleção MACRS”, com curadoria de Gabriela Motta, comemorativa ao aniversário de 30 anos do Museu. O conjunto publicado inicialmente, composto por quatro peças, foi ainda tema da mostra expográfica “Relações de pesquisa: acervo MACRS em rede”. A coleção buscou apresentar ao público-usuário uma experiência de como foi o processo de documentação e pesquisa histórica do conjunto, trazendo para o ambiente materiais como catálogos, livros, convites de exposições, vídeos, materiais educativos, entre outros métodos de pesquisa aplicados no caminho da inclusão de dados na plataforma digital.

Na medida em que acervos de arte contemporânea possuem características muito próprias, transitando entre as fronteiras de espaço e temporalidade, materialidade e intangibilidade, a reflexão acerca de novas possibilidades de documentação desse acervo e o compartilhamento de saberes e experiências entre profissionais de museus e de outras áreas de conhecimento conexas torna-se central no esforço de se evitar prejuízo na transmissão de informações. Nesse sentido, nasce o Laboratório Tainacan, outro desdobramento da experiência de publicação de parte da coleção piloto no repositório. O projeto reúne a equipe do Setor de Acervo, a diretora Adriana Boff e a pesquisadora Gabriela Motta, curadora da exposição “Matéria Difusa”, em reuniões semanais, nas quais o grupo seleciona uma obra da coleção que está sendo trabalhada, e analisa e discute seus metadados, especialmente àqueles relacionados à definição de linguagens artísticas.

Em consonância com a missão da instituição e entendendo a importância do museu como agente mediador nos processos de pesquisa e produção de conhecimento, a equipe do projeto optou pela disponibilização gradual do acervo artístico on-line, à medida em que os conjuntos de obras vão sendo readequados à nova metodologia de catalogação adotada pelo MACRS. O critério de seleção para o estudo e posterior publicização das obras ocorreu de forma orgânica, levando em conta que as primeiras obras integraram a exposição Matéria Difusa, intuitivamente a segunda leva de obras publicizadas fez parte da exposição MACRS +D, realizada em dezembro de 2022.

Política de aquisição do MACRS

2023 – 2027

O Acervo do MACRS reúne mais de 2 mil obras de arte desde a década de 1960 até os dias atuais, abrangendo diferentes linguagens das artes visuais, como pintura, escultura, gravura, cerâmica, desenho, fotografia, instalação, performance e vídeo.

  • Da natureza e finalidade

O documento define as diretrizes, procedimentos e critérios para as aquisições de obras de arte no acervo do Museu, para que a coleção cresça de maneira atrelada à missão e às linhas de pesquisa institucionais

  • Das diretrizes

A diretriz básica das políticas de aquisição do MACRS determina que elas estejam em consonância com as linhas de pesquisa do acervo, com a missão, os valores e os objetivos do Museu. Seu acervo é voltado para a preservação, difusão e pesquisa em arte contemporânea brasileira e estrangeira, com ênfase na produção de artistas gaúchos. O MACRS tem a missão de promover, pesquisar e incentivar o pensamento e a produção contemporânea em artes visuais de forma a preservar e proteger seu acervo para que este seja reconhecido como um patrimônio relevante para a pesquisa e para os processos acessíveis de aprendizado em arte e cultura. Visa estabelecer diálogos entre o acervo e a multiplicidade de saberes e culturas, possibilitando a produção de conhecimento e o intercâmbio de experiências dos públicos com arte. As diretrizes, procedimentos e critérios para as aquisições de obras foram estabelecidas considerando:

  1. A capacidade de documentar, armazenar, conservar, gerir riscos e disponibilizar os bens aos públicos adequadamente, de acordo com suas condições de espaço físico e equipe técnica especializada, ou seja, infraestrutura necessária a sua preservação (recursos humanos, financeiros e orçamentários);
  2. A legitimidade da proveniência e a regularidade jurídica da posse e da propriedade do bem a ser incorporado;
  3. A análise técnica do conjunto de profissionais do museu nas decisões, por meio de comissões técnicas.

A revisão das Diretrizes deverá ser concomitante com as revisões do Plano Museológico, quando este estiver publicizado, seguindo a legislação vigente, se houver necessidade de alterações do documento.

  • Das aquisições

As aquisições devem estar em consonância com as políticas institucionais. Para o período de 2023 – 2027 fica estabelecida a política de aquisição que prima por:

  1. Alcance da equidade racial e de gênero entre artistas que integram o acervo artístico, devendo ser prioridade a aquisição de obra de artistas racializados como negros/as e indígenas, artistas transgênero e mulheres cis que tenham, de preferência, atuação na área de pelo menos de 05 (cinco) anos;
  2. Maior representatividade na quantidade de obras de artistas contemporâneos que integram o acervo, a fim de ampliar a representação em diferentes momentos de sua trajetória;
  3. Ampliar a representatividade de nomes de artistas da arte contemporânea, sobretudo do Rio Grande do Sul, que estejam se destacando no campo da arte nacionalmente e que tenham, de preferência, atuação na área de pelo menos de 05 (cinco) anos;
  4. Selecionar obras a partir do programa de exposições do Museu, oriundas de exposições in loco, que tenham relação com as políticas de aquisições e com as pesquisas no acervo de artistas que tenham, de preferência, atuação na área de pelo menos de 05 (cinco) anos.
  • Das propostas de doação de obras e projetos de aquisição 

As propostas de doação de obras de arte para o acervo por artistas e/ou colecionadores serão encaminhados para análise dos/as membros do Comitê, constando:

  1. Nome do proponente
  2. Título da obra de arte
  3. Datação e técnica artística, nome(s) do(s) autor(es) (artista), com breve currículo e outras obras pertencentes ao acervo, caso houver.

Projetos de aquisição de obras de arte para o MACRS serão elaborados sob consulta aos membros do Comitê, conforme as diretrizes da política de aquisição e consonância com a Missão do Museu.

  • Da tramitação das propostas

As propostas de incorporação de peças no acervo MACRS  a serem analisadas pelo Comitê deverão obedecer ao seguinte trâmite:

  1. O proponente deverá solicitar a análise de sua proposta com o preenchimento dos formulários de ARTISTA e OBRA enviados pelo setor de Acervo;
  2. Com o conteúdo completo, a proposta será submetida ao Comitê de Acervo e Curadoria, que incluirá a análise da proposta na pauta de reunião programada do Comitê;
  3. A proposta que será analisada pelo Comitê poderá ser APROVADA ou INDEFERIDA;
  4. A partir do parecer do Comitê será oficializado com o proponente, através dos devidos Termo de Doação, no que tange direitos patrimoniais e de imagem;
  5. Após concluídas as assinaturas nos Termos de Doação a obra poderá ser entregue ao Museu e incorporada ao acervo.
  • Dos critérios de avaliação das propostas

Serão considerados na análise e julgamento das propostas de obras de arte a serem incorporados pelo MACRS as diretrizes da Política de Aquisição de Acervo do MACRS:

  1. Atender às diretrizes da Política de Aquisição do MACRS;
  2. Estar em consonância com a Missão do MACRS;
  3. Levar em consideração as condições de armazenamento das Reservas Técnicas do MACRS, bem como as condições de conservação exigidas pela peça artística.

Os cuidados com segurança previstos no item “c” desse artigo devem levar em conta tanto questões estruturais e de durabilidade quanto questões relacionadas às necessidades de conservação preventiva e de restauração, ou formas que possam representar risco às demais obras guardadas em acervo, bem como à equipe técnica do Museu.