"A ATUALIDADE DA CERÂMICA
DE TÂNIA RESMINI
O trabalho de Tânia Resmini está perfeitamente situado dentro da tradição da cerâmica do Rio Grande do Sul. Detentos de uma feição única e de características singulares levando-se em conta sua condição escultórica, esses bulbos situam-se cada vez mais dentro de um imaginário peculiar que a artista persegue com tenacidade.
Em se tratando do trabalho propriamente. dito é importante salientar a aparente coincidência entre a contraposição cultura / natureza. Estas esculturas em cerâmica são a criação de uma natureza cujo discurso interno à forma constitui uma autonomia própria. Não se trata de construir similaridades com o real, nem mesmo proximidades que poderiam constituir-se num adendo do solo, uma vez que estas obras se aderem ao chão por sua própria constituição.
De qualquer maneira, a exemplo dos trabalhos anteriores de Tânia Resmini, onde pequenos bulbos brotavam, é importante salientar que a relação que estas obras mantém com o espaço é quase arqueológica. Não nos esqueçamos que a cerâmica advém de um forte componente utilitário que a própria progressão da linguagem artística encarregou-se de eliminar. Trata-se, portanto, de uma estrutura da qual a história da evolução técnica não pode ser eliminada.
Compreende-se melhor o trabalho de Tânia, se pensarmos que a obra resulta de um fora para dentro. O que se vê é a pele da escultura em vez de uma internalidade evidente. A superfície é recoberta resultando um objeto em que o volume não equivale a massa. Daí a pertinência de um pensamento que desfaz permanentemente o lugar esperado das coisas.
O tempo dessas peças é aquele em que a consciência adere ao objeto na busca de uma razão para o olhar. A evidência dessas condições faz desse trabalho um dos mais atuais dentro da cerâmica contemporânea brasileira.
GAUDÊNCIO FIDELIS
Diretor do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul"
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