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Pacto da Terra: as paisagens de Bea Balen Susin
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Título
Pacto da Terra: as paisagens de Bea Balen Susin
Tipo de atividade
Ano
2019
Período
Início
10/12/2019
Término
12/01/2020
Artistas/Participantes
Curadoria
Realização
AAMACRS
|Realização: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul
Origem das obras
Descrição
Beatriz Balen Susin (1946) expõe a série “Pacto da Terra”, telas que evocam a potência identitária do solo que nos contêm, plasmadas em imagens sinestésicas de imensa erudição plástica, e um testemunho contemporâneo da pertinência e da necessidade da arte da paisagem.
A pintura de paisagem está na base da invenção da autoimagem plástica dos gaúchos, marca identitária eleita pelos artistas, desde o século XIX até a atualidade. Evidente que no século XIX, a produção de retratos era mais desenvolvida, mas como mostram indivíduos, não aspiram à totalidade. Mesmo sendo anteriores, eles não têm a potência necessária para promover a auto-identificação que só à terra é permitida. Somos indivíduos, mas todos estamos sobre o mesmo solo e é essa base formada de terra, água, vegetação e ar que nos acolhe e que pode ser entendida e pertencente a todos. Na paisagem sul-rio-grandense, é mister evocar os mestres fundadores Pedro Weingärtner (1853–1929) e Libindo Ferrás (1877–1951), começo de um longo caminho percorrido pelos artistas gaúchos até as expressões da contemporaneidade, nas quais a paisagem é o meio a partir do qual se reflete sobre ser e estar.
A série “Pacto da Terra” é composta de paisagens tomadas do real a partir de fotografias feitas pela artista em suas viagens pelo Rio Grande do Sul. É um ponto de partida. Outro ponto de partida é o da pintura a óleo, técnica que exige um corpo a corpo intenso que se dá no ateliê, longe da vibração contínua da natureza; é necessária a reflexão e o congelamento das emoções que a natureza nos impõe. O terceiro ponto é o da composição e o dos formatos, exigências do ofício da pintora que elege o recorte nas imagens e a forma que melhor expressa suas intenções. Sobre os formatos, é notável a divisão equilibrada entre a forma canônica da paisagem, quando a largura prevalece sobre a altura, e da forma quadrada, em que o equilíbrio impõe o abandono da percepção horizontal pela percepção total da forma. Paisagens quadradas eliminam, a priori, o horizonte e equilibram a relação entre céu e terra. Outro ponto de partida da pintora, e útil para nossa percepção: o desenho subjacente à pintura na estruturação da tela e aquele desenho sobreposto à pintura, com contornos incisivos, como que gravados sobre a superfície; dois modos para apreender o objeto inconsútil que é a paisagem. Mais um ponto de partida é a cor. A cor generosa, extravagante (por vezes), impositiva, sábia; a cor é um tema incomensurável nas paisagens de Susin, objeto de intensa admiração e exigente apreensão.
Mais poderíamos escrever, mas fiquemos por aqui, fechando com um aspecto fundamental que é o da erudição pictórica da artista. Suas pinturas são constructos intelectuais, visto que vão além da cópia do real (mesmo que oriundas das fotografias), vão além da cor natural (pois são cores da percepção sensível, mais que da observação científica), são composições arrojadas, indo da forma tradicional da paisagem com terra, horizonte e céu até aquelas nas quais somos obrigados a reconstruir o espaço real no espaço pictórico particular da artista. É erudita não só pelas citações e referências explícitas ao amplo mundo da pintura de paisagem, mas pelo domínio do fazer complexo e intenso, encarnado em um discurso pictórico que é tributário da inequívoca fidelidade da artista à sua arte, ao seu ofício e a sua missão de pintora.
As paisagens de Beatriz Balen Susin aportam para o espectador uma experiência fundamentalmente perceptual: impactam pela configuração, pela forma, pela cor e, principalmente, pela identificação inevitável que promovem. São imagens de inegável apelo sinestésico, trazendo o mundo e as questões ecológicas — veja o título “Pacto da Terra” — de forma íntegra e potente, como só conseguem realizar aqueles para quem os meios estão integralmente à altura dos fins a que aspiram.
Condições de reprodução
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