"Toda a exuberâncla, anarquia e violência da arte moderna, seu lirismo ébrio e balbuciante, seu exibicionismo desenfreado (...) procedem do romantismo"
(Hauser).
Em produções contemporâneas como a que vamos apreciar em Olhos que não vêem, ainda ressoa a frase de Hauser. Tuca Stangarlin aborda o mito cristão a partir do seu centro pessoal e emocional para estendê-lo como pathos ao visitante. Como há um século, a subjetividade do artista vê-se compelida ao resgate da autoria frente à pulverização do sujeito. Aqui não se trata de dar voz à divindade através da obra, mas de apossar-se da sua grandeza para tornar ressoante a voz do autor. Ainda Hauser: a metáfora se converte em mito e não o mito em metáfora. As obras de Tuca Stangarlin alinham-se à alma romântica que soube cegar-se frente do esgotamento dos valores, voltando-se para o sobrenatural não para comentá-lo, mas para fundir-se a ele, mitificando-se. Com a nostalgia de um passado enriquecido por universos mitológicos, Tuca Stangarlin constrói a metáfora muda, onde o mito já não encontra a sua fala na arte. Mas esta sim - arte - resgata do mito a aparência na tentativa de manter-se como fala.
- Maria Helena Bernardes
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