Descrição
O Atelier Subterrânea, movido pela potência do trabalho colaborativo e apostando na autonomia dos artistas para gerenciar suas carreiras, dinamizou por quase uma década – entre 2006 e 2015 – a cena artística de Porto Alegre. Misto de atelier coletivo e espaço cultural com viés alternativo, foi solo fértil para dezenas de projetos de grande originalidade. As aberturas das exposições eram celebrações festivas, eventos que alteravam a rotina diária da cidade e propiciavam situações de contato com o público.
Localizada no subsolo de um edifício comercial, a discreta sala, descoberta por estudantes do Instituto de Artes da UFRGS em busca de espaço para um atelier coletivo, ganhou paredes móveis, assumindo uma condição de constante metamorfose: ora atelier, ora espaço expositivo, ora lugar de debates, ou ainda sala de oficinas e palestras. As ações do núcleo inicial, formado por Túlio Pinto, Gabriel Neto e Jorge Soledar, reverberaram na cidade, tornando-se foco de atração para outros jovens artistas que compartilhavam dos mesmos interesses. Logo ingressariam Adauany Zimovski, Antônio Augusto Bueno, Guilherme Dable, Gustavo Pflugseder, James Zortéa, Lilian Maus, Luciano Zanette e Rodrigo Lourenço. Teresa Poester, artista e professora experiente, foi uma das incentivadoras do projeto.
Atuando como artistas-gestores, os integrantes se revezavam nas mais distintas tarefas para driblar as dificuldades do incipiente mercado de arte local. Se, para alguns deles, o Atelier Subterrânea foi uma estação de passagem, para outros, tornou-se uma extensão da própria casa. Concebiam projetos e participavam de editais públicos para obtenção de recursos, organizavam rifas e leilões. Desta forma, o lugar se tornou uma verdadeira escola de vida, um exercício de sobrevivência, um estágio entre a formação acadêmica e a carreira artística. Ao mesmo tempo em que incentivava a produção artística das novas gerações, abriu-se para o mundo da arte em escala nacional e atraiu, inclusive, o interesse de artistas brasileiros consagrados, que se tornaram colaboradores do projeto.
Como forma de reconhecimento pelo extraordinário trabalho desenvolvido pelos artistas-gestores que conceberam e mantiveram vivo, por tanto tempo, um projeto tão generoso, apresentamos, nesta mostra, um pouco da história do Atelier Subterrânea a partir do conjunto de obras existente no acervo do MACRS. A fim de que o público possa perceber a riqueza das trajetórias seguidas pelos artistas, optamos por inserir algumas peças produzidas nos últimos anos. Também decidimos incluir um acervo documental, gentilmente disponibilizado pelos seus gestores. Nossos sinceros agradecimentos a todos que tornaram possível essa aventura alimentada pelo amor à arte e pela utopia juvenil, sempre necessária, como forma de resistência cultural.