Descrição
O artista morou em Porto Alegre nos final dos anos 90 e agora volta para exibir uma série de trabalhos que vem desenvolvendo há alguns anos e que estarão reunidos na Galeria Xico Stockinger da Casa de Cultura Mario Quintana com a curadoria de Ana Zavadil.
Uma das peças que vai ser exibida e que da nome a esta exposição, CHARRÚA.
E uma gravação das únicas palavras conhecidas da língua Charrua, através da transcrição de que fez o Dr. Teodoro Vilardebó em 1841 do Sargento Benito Silva que passou dois anos nas toldarias Charruas, e em 1842 de uma índia, a “China” Arias; uma velha Charrua que viveu na fazenda de Manuel Arias.
As palavras foram publicadas pela primeira vez em 1937.
Gustavo Tabares foi convidado a participar na 56ª Bienal de Veneza em 2015, Itália; exibindo esta peça sonora; o artista fez uma gravação dessas palavras faladas por uma descendente Charrua, a Senhora Nancy Ramos Boerr. Para esta ocasião foram traduzidos para o Inglês e italiano pela primeira vez. Também foram traduzidos para o Português a ser exibido no Brasil (Bienal de Curitiba, Oi Futuro RJ, Parque do Ibirapuera SP, etc.), em alemã para o HAU Hebbel am Ufer no Berlín, Alemania e em espanhol para a I Bienal de Assunção, no Paraguai, Bienal de Santiago de Chile 2015 e na II Bienal de arte de Montevidéu, Uruguai, em 2014.
Nas palavras de Leonel Cabrera, arqueólogo e profesor da Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación, Universidad de la Republica, Udelar, Uruguay; “Charruas é a denominação de um dos povos originários que habitava a faixa norte do Rio da Prata, à chegada do europeu na região. Ao longo do período colonial, ocuparam diferentes territórios, que compreendem tanto a atual República do Uruguai, como regiões do sul do Brasil e nordeste da República Argentina. Interagiram ao longo dos séculos com o ocupante europeu e os crioulos do território, alcançando o início da República quando, em 1831, os remanescentes sobreviventes são atacados e exterminados ou reduzidos definitivamente. Um grande número de prisioneiros, particularmente mulheres e crianças, serão incorporados à sociedade nacional, continuando um processo de integração e mestiçagem bem remoto. Lamentavelmente, seu desaparecimento precoce impediu que se conhecesse sua língua, chegando até nós somente alguns vocábulos isolados ou frases curtas, que não nos permitem hoje reconstruir e conhecer seu idioma. Como quase todos os povos da região, sua língua foi amplamente influenciada pelo guarani, até o ponto que a própria expressão “Charrua”, com que se conheceu tal grupo humano, é uma expressão depreciativa na língua guarani, que denominava tais indígenas, com quem muitas vezes tinham uma relação não pacífica.”
A exposição do artista Gustavo Tabares tem, além da peça sonora, desenhos, objetos de mármore, vídeos, pinturas, etc., no formato de instalação.