Descrição
"O trágico não reside nesta angústia ou nesta própria tristeza, nem numa
nostalgia da unidade perdida. O trágico consiste apenas na multiplicidade, na diversidade da afirmação como tal. O que define o trágico é a alegria do múltiplo, a alegria plural."
Deleuze - "Nietzsche e a Filosofia"
Minha intenção, ao reunir os trabalhos de Diana Domingues, Iolanda Gollo, Ricardo Frantz e Vera Martini não é a de misturar diferentes categorias para uma apresentação de tendências na produção artística de Caxias do Sul.
O que esta curadoria procura mostrar é o interesse destes artistas em desafiar e questionar vários pressupostos da vida, da linguagem, da natureza da arte e da sua relação com o espectador.
A "alegria plural", a "afirmação da multiplicidade" a que Deleuze se refere, esta vontade agregadora do artista ao incorporar a vida na arte, são dados desestabilizadores na avaliação estética, mas fundamentais para a compreensão da arte contemporânea.
Quando se manifestam, fortalecem o artista e seu exercício; no contraponto, confundem aqueles que ainda não entenderam que o público também passou a ter um novo papel no processo de apreciação e circulação do objeto artístico.
A história da arte, e mais especificamente o século XX, são marcados por tentativas de repensar a relação da arte com a vida, inventando novas formas para cada problema ou cada experiência que se está tratando. Isto é corajoso de se fazer e penso que Diana, Iolanda, Ricardo e Vera o fazem com competência e sensibilidade.
Neste momento, meu desejo é abrir um diálogo com a produção destes artistas e que eles possam ampliar as referências de mundo que estão dentro de cada um de nós.
Julieta Rigotto Eberle