Biografia
Rubem Campos Grilo (Pouso Alegre, Minas Gerais, 1946). Gravador, ilustrador, professor, curador. A obra de Grilo representa temas cotidianos e as dimensões subjetiva e política do ser humano. O artista une a tradição manual da xilogravura à figuração das condições sociais de seu tempo.
Em 1963, transfere-se para Itaguaí, Rio de Janeiro, e, aos 23 anos, conclui o curso de agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Abandona o ofício depois de ser preso duas vezes pelo regime militar. Em 1970, começa a estudar xilogravura com José Altino (1946), na Escolinha de Arte do Brasil, na capital carioca. Em 1971, frequenta a Seção de Iconografia da Biblioteca Nacional e entra em contato com as gravuras de Oswaldo Goeldi (1895-1961), Lívio Abramo (1903-1992), Marcelo Grassmann (1925-2013). Nesse período, inicia o curso de xilogravura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e é orientado por Adir Botelho (1932).
O artista declara que absorve conceitos da escola expressionista, como o enfoque ético no trabalho manual, “em discordância ao trabalho alienado da máquina”, e a ênfase na presença da matéria e do gesto. Sua formação artística também envolve o contato com Iberê Camargo (1914-1994), de quem recebe lições de gravura em metal, e com Antonio Grosso (1935), com quem estuda litografia na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage).
A partir do início da década de 1970, ilustra jornais como Opinião, Movimento, Versus, Pasquim e Jornal do Brasil. Na Folha de S.Paulo, cria ilustrações para os fascículos da coleção Retrato do Brasil. Para o artista, a publicação em veículos de imprensa significa que a ilustração pode “se justificar socialmente pela circulação da obra” por meio do encontro com o leitor. O trabalho em periódicos segue até o fim do regime militar, em 1985.
A técnica da xilogravura, segundo o artista, é “um ofício pleno de ancestralidade” capaz de dialogar com o tempo presente. A concepção de arte como representação das condições materiais da realidade se traduz em suas ilustrações em jornais, nas quais retrata temas do cotidiano brasileiro, como a ditadura militar, a previdência social, a Constituinte, entre outros assuntos . Desse modo, elabora uma comunicação direta, acentuando a crítica política com a aproximação entre texto e imagem, como em Burocracia (1979), Relações de trabalho (1980), Sociedade civil (1983), Golpe militar (1984).
Grilo considera que a base de seu trabalho é o desenho. O traço tênue e contrastado transfigura e recria formas vigorosas a ocupar todos os espaços do
plano, sem permitir nenhum ponto de fuga que desvie o olhar do leitor da imagem. Com isso, busca ultrapassar “a simples visualidade da imagem” para alcançar a complexidade humana, partindo da ideia de que “a obra se qualifica pelo grau de impregnação subjetiva que se introduz na matéria”. fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/589-rubem-grilo