Laurita Ricardo de Salles é uma artista paulistana cuja trajetória se desenvolve entre a gravura, a escultura e o ensino. Nascida em São Paulo em 1952 e formada pela ECA-USP, sua prática artística é marcada por um interesse constante na experimentação com materiais e métodos de gravação, com especial atenção à articulação entre tecnologia e técnicas tradicionais. Entre os anos 1980 e 1990, estuda em Paris, onde aprofunda seus conhecimentos em gravura, especialmente a partir da matriz em metal, que passa a considerar não apenas como meio de impressão, mas como suporte artístico em si.
Durante sua carreira docente, Laurita leciona em diversas instituições e conduz pesquisas que exploram a relação entre gesto artístico, resistência da matéria e os limites entre superfície e profundidade. Suas gravuras se caracterizam por marcas intensas, cortes e ritmos que evocam paisagens densas e expressivas, como visto na série Matéria fendida (1994). Com o tempo, sua produção se expande para objetos tridimensionais, que exigem processos industriais, como em Formas rolantes (1994-1995), consolidando uma abordagem híbrida entre escultura e gravura.
Nos anos 2000, aprofunda ainda mais essa hibridação ao incorporar tecnologias digitais na criação de esculturas em polímeros, refletindo sobre os suportes e as margens da arte contemporânea. Sua pesquisa acadêmica e artística é vista como uma contribuição significativa ao debate sobre os limites das linguagens visuais. Com uma poética centrada nas propriedades expressivas de materiais industriais como o metal e o plástico, Laurita Salles se destaca por integrar tradição e inovação, tornando-se referência na arte brasileira contemporânea.