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“A teórica Rosalind Krauss diz que os artistas que trabalharam com grades, como Mondrian, ficaram prisioneiros dessa estrutura. Uma visão fatalista que aumentava minha angústia. Mas, felizmente, voltei a alguns desenhos de observação que me libertaram das grades. Eram os jardins que eu avistava da janela onde trabalhava ainda escrevendo a tese, em Eragny sur Epte. Surgiram Os jardins de Eragny, nova série que vim a desenvolver a partir de 2002, quando voltei ao Brasil. Se comparo os desenhos das grades, que parecem uma luta contra o papel, com esses, que mostram uma dança orgânica, dos jardins de Eragny, penso no inverno árido e no verão exuberante dessa paisagem, onde vivi durante anos. Voltei a habitar na França de 2006 a 2009, quando estive de licença no IA e, pela primeira vez, pude me dedicar exclusivamente ao trabalho de criação. Mas essa relação dos desenhos com a paisagem me veio depois e também através de outras pessoas. O Alfredo (Nicolaievsky) veio me visitar neste lugar em pleno inverno e, ao chegar, disse que via meus desenhos da janela do trem, nos galhos negros contra a neve. Foi nesse período que comecei a fotografar texturas, folhagens, estruturas que lembrassem meus desenhos . A fotografia nascia dos desenhos e não o contrário. Na verdade, não trabalho de observação, mas a observação pode ajudar como um alimento, uma vitamina que revigora o processo”. (POESTER, 2013, p. 141-142). Disponível em: https://www.seer.ufrgs.br/RevistaValise/article/download/41378/28510. Acesso em 13 de junho de 2022.