Sticker art

Texto Crítico

A obra “Sticker Art” de Xadalu remete aos trabalhos de intervenção artística no espaço urbano, realizados pelo artista. Xadalu, além das temáticas acerca de cosmologia indígena e ancestralidade, também aborda a questão do desaparecimento da cultura indígena e o direito de ir e vir do indígena na metrópole. O seu trabalho pode ser encontrado através de adesivos do artista em paredes, tapumes e placas de trânsito em Porto Alegre e em outras cidades e, por muitos anos gerou inquietações sobre a autoria e significado de suas estampas (ou no caso a estampa central de um personagem indígena, conhecido como o “indiozinho”, por parte do público), tal qual podemos observar no exemplo de Banksy, artista de rua cuja identidade, apesar de especulada, é desconhecida até o presente momento. Segundo Paulo Herkenhoff (2021), sua produção de adesivos decorre da influência do trabalho de Dione, nome de batismo de Xadalu, em uma serigrafia, que o influenciou a criar uma oficina de serigrafia na Vila do Funil, onde vivia. Numa virada de ano, o artista produziu e distribuiu 10.000 adesivos, procurando tornar “as questões guaranis mais visíveis”. Num outro relato, em 2005, o artista produziu cartazes com a inscrição “Área indígena” e as distribuiu em espaços públicos de Porto Alegre, confrontando comerciantes locais. De acordo com Xadalu (2014), “os adesivos viraram um protesto contra a destruição da cultura indígena. Comecei a colocá-los nas ruas, como uma espécie de repovoamento”. O artista, através de seu trabalho procura trazer reconhecimento à cultura indígena e não possui receio em confrontar o sistema. Se este último não busca retratação, Xadalu tensiona os limites para que o sistema procure fazê-lo e não há melhor local do que as ruas, espaço que o artista conhece bem, para ser palco dessa “disputa”. Neste sentido, a obra Sticker Art ao adentrar o museu passa a ser uma extensão dessa operação que ocorre no espaço urbano.