Mídias relacionadas
"Na série Nomes próprios (1996 – 2003), a artista desenvolve exercícios de micro história, individualizando a memória do Holocausto, a partir de pesquisas em torno de seu sobrenome de origem judaica. Já a série Diários públicos (2001 – 2012), realizada a partir do apagamento de jornais impressos, apresenta uma leitura corrosiva da cultura informacional da atualidade, problematizando a ordem dos discursos por ela materializada". Disponível em: https://issuu.com/leiladanziger/docs/issuu_nov_2013 , Acesso em 07 de junho de 2022.
| "Embora não haja propriamente desenho, no sentido mais estrito do termo, a escrita aqui praticada procura algo próximo ao que realizam os desenhos de Artaud, em que o papel é sulcado e ferido; desenhos em que as palavras fazem parte integrante da imagem, constituindo o que chama de “massa palavra-e-imagem”, e falam sempre de um combate entre vida e pensamento. Guardadas as proporções, os gestos construtivos de Diários públicos possuem afinidades com a violência dos desenhos de Artaud. Uma violência controlada, é certo, mas em que as páginas dos jornais, esvaziadas pelo ato extrativo de retirar a massa de informação, revela aquelas páginas como uma espécie de pele, superfícies em carne viva, marcadas pelo real.A série pode ser vista como uma arca, um pequeno bricabraque afetivo, que reúne miudezas marcadas pela fragilidade (por exemplo: um grupo de crianças que pula durante alguns minutos, tentando provocar um terremoto; a graciosidade dos gestos de uma menina no trapézio; Catherine Deneuve, no filme Pele de Asno). Contudo, não é possível isolar a delicadeza dessas imagens dos resíduos da violência e de tragédias tão próximas, que aparecem de forma espectral no verso das páginas. Cabe ressaltar que essa série só adquire sentido pleno como contraponto ao lastro das séries anteriores. Na forma da dedicatória, o título sugere uma espécie de “fuga-adiante” (fuite-en-avant), uma aposta num futuro sempre adiado". (DANZIGER, 2015, p. 05). Disponível em: http://revistazcultural.pacc.ufrj.br/diarios-publicos-jornais-e-esquecimento-de-leila-danziger-2/ , Acesso em 07 de junho de 2022.
| "Em Diários públicos: sobre memória e mídia, Leila Danziger cria um apagamento seletivo de jornais impressos. Publicada em 2013, a obra se divide em duas partes e contempla produções artísticas e literárias, fotografias das instalações e reproduções de ensaios da artista. A primeira parte, “Para pensar o apagamento”, trata da exposição homônima ao livro, trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2001. A mostra compreende uma coleção de jornais dividida em extensas séries como “Para Irineu Funes”, “Resistir-por-ninguém-e-por-nada”, “Para-ninguém-e-nada-estar” e “O que desaparece, o que resiste”. Nesses trabalhos, a artista se apropria de trechos literários, como versos de Paul Celan, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles, reinscrevendo-os sobre páginas de jornais que foram anteriormente raspadas.Os jornais selecionados possuem parte das informações das páginas apagadas, sendo submetidos a um processo que a artista chama de “depilação”: eles são descascados, expostos ao sol, dobrados e carimbados. Para apagar as páginas, Danziger retira, com uma fita adesiva, a primeira camada de tinta, deixando apenas vestígios da impressão e, sobre essa página, inscreve um fragmento literário – como o verso “Não volto às letras, que doem como uma catástrofe”, de Ana Cristina César –, uma palavra ou uma expressão – como os verbos “lembrar” e “esquecer” – que são, ali, carimbados. Esse trabalho de esfolar e reescrever evidencia um tipo de resgate de memória que visa, no processo de fazer desaparecer quase totalmente a linguagem jornalística, deixar latentes imagens contemporâneas de tragédias e de abandono". (OLIVEIRA, 2017). Disponível em: http://letras.cidadescriativas.org.br/2017/05/31/sobre-diarios-publicos-de-leila-danziger/ , Acesso em 24 de junho de 2022.