-
Ondina
- Voltar
Miniatura
Compartilhe
Número de registro
MAC1050
Título
Ondina
Série
Unheimlich
Autoria
Ano
2005
Denominação
Material/Técnica
Suporte/Mídia
Dimensões
195 x 130 cm
Texto para etiqueta
WALMOR CORRÊA
Florianópolis, SC, Brasil, 1960
Ondina, 2005
Série Unheimlich
Acrílica e grafite sobre tela, 195 x 130 cm
Doação artista
Aquisição
Doação artista
Créditos da fotografia
Condições de reprodução
O uso de imagens e documentos é permitido para trabalhos escolares e universitários com caráter de pesquisa e sem fins lucrativos. Junto à reprodução, deve sempre constar obrigatoriamente o crédito à fonte original (quando houver) junto ao crédito: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Os direitos autorais são de propriedade de seus respectivos detentores de direitos, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA – Lei no 9.610/1998). O MACRS não detém a propriedade de direitos autorais e não se responsabiliza por utilizações indevidas praticadas por terceiros.
Exposições e prêmios
Exposição - "Palácio Contemporâneo", Palácio do Piratini. (2022)
Histórico de publicações
Sarinho, R. T., Portugal, D. B., & da Costa, C. E. F. (2021). Ondina: sobre as relações entre verdade, imagem e natureza. Revista Concinnitas, 22(40), 297–309. https://doi.org/10.12957/concinnitas.2021.54525
Mídias relacionadas
Ao lidar com uma nova situação corporal junto ao modelo de uma prancha anatômica, Walmor disseca o mito, expõe outros corpos parodiando o desenho técnico-científico de modo minucioso. Na Ondina, o artista descreve a região occiptal do crânio, seus ouvidos e guelras, sua região pélvica, sua gestação, o coração e seu sistema eletro-cardíaco, o encéfalo e a válvula jugular, o olho e a órbita e suas situações vertebrais na coluna e na cauda. Fruto de uma pesquisa que implica atlas de anatomia humana, conversas com médicos sobre situações hipotéticas, leituras de cartas, diários e livros de diversos viajantes e algumas viagens pela Amazônia e outras regiões, o artista reelabora uma síntese que não mais separa o que é erudito ou o que é popular, mas à maneira de um arqueólogo e de um etnógrafo recompõe os fragmentos e resíduos que vê, lê e escuta. A descrição, no entanto, não deixa de apresentar disparates como se pode ler no funcionamento do coração da Ondina: “localizado no centro do tórax, permanece com função de bombear sangue para o corpo suprindo as células com nutrientes e oxigênio. Quando o músculo cardíaco se contrai, ele força a passagem do sangue do átrio para os ventrículos e destes para fora. O sangue então volta ao coração por um complexo sistema venoso. Possui três cavidades: um átrio e dois ventrículos. As três cavidades têm praticamente o mesmo volume, mudando a espessura das paredes. Há um espaço grande entre o segundo e o terceiro batimento. O primeiro som ou bulha cardíaca é a batida do átrio, o segundo som a batida do ventrículo direito e o terceiro som a reverberação do sangue nas paredes do ventrículo esquerdo. A ativação cardíaca resulta de um impulso que se origina em uma célula ou grupo de células e da propagação deste impulso a todas as células do átrio e ventrículos” (CORRÊA, 2006, p. 4). Entrar, assim, no corpo de um ser híbrido o destitui de toda e qualquer mitologia. A imagem da Ondina “aberta” em um fundo neutro, onde os elementos humanos estão em tons de cinza, é outra forma de silenciar a sereia. Diferentemente da sereia de Homero de Kafka, da Uiara de Macunaíma e de sua própria lenda, o corpo enquanto estudo põe em limite a necessidade de verdade e a constituição de novas verossimilhanças que despe o medo e a ameaça, além de estimular a curiosidade. O canto com promessa de saber está agora contido no outro silêncio da Ondina, despida de sua própria pele numa aula de anatomia. Texto de Eduardo Jorge
Texto completo disponível em https://interartive.org/2010/12/walmor-correa . Acesso 08/08/2024