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Kwatá – tapuya
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Miniatura
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Número de registro
MAC0855
Título
Kwatá - tapuya
Série
Aquela Gente que se Transforma em Bicho
Autoria
Ano
2021
Denominação
Material/Técnica
Suporte/Mídia
Dimensões
117 X 82 cm
Notas descritivas
A obra “Kwatá - tapuya”, do ano de 2021, faz parte da série “Aquela Gente que se Transforma em Bicho” medindo, com moldura, 120 x 84 cm. A gravura digital, denominada infogravura, é uma expressão de arte digital, onde se utilizam conceitos da gravura tradicional, como xilo, metal e lito - unindo, desta maneira, o clássico com o moderno.
O trabalho retrata uma imagem de dupla aparência, entre o animal e o humano. A figura central da gravura, mede cerca de 70 x 50 cm, e apresenta uma figura humana, na posição sentada, em cores quentes, entre o laranja na pintura do corpo, e o vermelho presente na variação de cocar ao topo de sua cabeça. Já em seus gestos, uma de suas mãos, que assim como seus pés estão pintadas de branco, aparece segurando uma fruta com a polpa amarela (possivelmente uma manga palmer), e a outra perto da boca como se estivesse se alimentando do fruto. É possível identificar, em conjunto com a primeira figura, a imagem de uma animal, um mico-leão-dourado, se mesclando com o desenho humano, dando uma percepção de transformação.
O fundo do trabalho é de um azul escuro com pontilhados brancos que seguem ao fundo de toda a obra, já ao centro, atrás dos desenhos de dúbia fisionomia, existe uma mancha na cor amarelo-esverdeado que mede 75 x 65 cm, seguida dos pontilhados brancos misturados com o amarelo. Ao lado direito, na parte inferior da obra, encontra-se a assinatura do artista, em pigmento branco: “Denilson Baniwa”.
Texto para etiqueta
Denilson Baniwa
(Barcelos, AM, Brasil, 1984)
Kwatá - tapuya, 2021
Série Aquela Gente que se Transforma em Bicho
Infogravura, 117x82cm
Doação do artista por meio do Festival Kino Beat
Aquisição
Doação do artista por meio do Festival Kino Beat, 2022
Créditos da fotografia
Condições de reprodução
O uso de imagens e documentos é permitido para trabalhos escolares e universitários com caráter de pesquisa e sem fins lucrativos. Junto à reprodução, deve sempre constar obrigatoriamente o crédito à fonte original (quando houver) junto ao crédito: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Os direitos autorais são de propriedade de seus respectivos detentores de direitos, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA – Lei no 9.610/1998). O MACRS não detém a propriedade de direitos autorais e não se responsabiliza por utilizações indevidas praticadas por terceiros.
Textos críticos
Texto Crítico
'Pessoas que se tornam animais': essas obras tratam de perspectivas indígenas nas quais algumas pessoas que descendem de determinados clãs têm o poder de se transformar em animais. Os Deuses deram a essas pessoas a habilidade de vestirem roupas de animais e de se transformarem em onça, cobra, catitu (catitu) etc. Eles possibilitaram que esses animais caçassem, pescassem e depois tirassem a roupa e voltassem a ser pessoas normais.
Comentários/Dados históricos
A obra é datada de 2021, de autoria do artista Denilson Baniwa (1884, Barcelos/AM), que trabalha com referências culturais de seu povo como ponto de partida de sua criação. A obra "Kwatá - tapuya" faz parte da série " Aquela Gente que se Transforma em Bicho", que conta oito gravuras digitais. O trabalho foi realizado para a exposição-percurso INÍPO: Caminho de Transformação do artista Denilson Baniwa, em 2021, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), e foi doado ao Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) pelo artista por meio do Festival Kino Beat.
Exposições e prêmios
- Exposição: Denilson Baniwa — INÍPO: Caminho de transformação, Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Porto Alegre, RS, 2022.
|- Exposição: MACRS +D, Galeria Augusto Meyer, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 3° andar, Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, RS, 2022.
Histórico de publicações
CEVALLOS, Gabriel [org]. Denilson Baniwa — INÍPO: Caminho de transformação. Apoio: MARGS, Casa de Cultura Mário Quintana. Ilustração: Kino Beat. 2021, 02 páginas. Disponível em: https://issuu.com/margsmuseu/docs/folder_inipo . Acesso em 13 de outubro de 2022.
Eventos relacionados
Mídias relacionadas
kwatá-tapuya . Disponível em: https://www.behance.net/gallery/106287027/aquela-gente-que-se-transforma-em-bicho?locale=pt_BR , Acesso em 04 de outubro de 2022.
|"Seguindo a caminhada até as Salas Negras do MARGS, aonde está montada a série de gravuras digitais Aquela gente que se transforma em bicho, com três gravuras feitas para exposição, em um total de oito. Os trabalhos retratam alguns dos seres duplos (espírito bicho-gente), que na teoria do perspectivismo ameríndio, indica que “tudo o que existe no cosmos pode ser sujeito, mas todos não podem ser sujeitos ao mesmo tempo, o que implica uma disputa.” Disponivel em: https://www.youtube.com/watch?v=xO5vht3fAwQ. Acesso em 13 de outubro de 2022.
|"Pessoas que se Tornam Animais': Essas obras tratam de perspectivas indígenas em que algumas pessoas que descendem de certos clãs têm o poder de se transformar em animais. Os Deuses deram a essas pessoas a capacidade de vestir roupas de animais e se transformar em onça, cobra, catitu (cateto) etc. Eles permitiram que esses animais caçassem, pescassem e depois tirassem suas roupas e se tornassem pessoas normais novamente." Disponível em: https://onca.org.uk/2020/11/27/lost-species-day-2020-3/. Acesso em 04 de outubro de 2022.
|"O perspectivismo ameríndio diz respeito à síntese conceitual operada por Eduardo Viveiros de Castro (1951-) e Tânia Stolze Lima para tratar de uma importante matriz filosófica amazônica no que se refere à natureza relacional dos seres e da composição do mundo. O conceito sintetiza uma série de fenômenos e elaborações encontrados em etnografias anteriores sobre os povos ameríndios. De forma geral, a noção se refere a concepções indígenas que estabelecem que os seres providos de alma reconhecem a si mesmos e àqueles a quem são aparentados como humanos, mas são percebidos por outros seres na forma de animais, espíritos ou modalidades de não humanos. A construção dessa humanidade compartilhada se efetiva pela construção dos corpos. Quer dizer: a humanidade só se torna visível para quem compartilha um mesmo tipo de corpo ou para os xamãs, que são capazes de assumir a perspectiva de outros e vê-los como humanos." (MACIEL, 2019, doc.eletr). Disponível em: https://ea.fflch.usp.br/conceito/perspectivismo-amerindio , Acesso em 13 de outubro de 2022.
|"No Centro Histórico, Denilson Baniwa ocupará as Salas Negras do MARGS com oito gravuras digitais que compõem a série Aquela Gente que se Transforma em Bicho – três delas inéditas, produzidas para a exposição. O título do trabalho alude ao entendimento de povos indígenas da Amazônia sobre a intercambialidade entre sujeitos de diferentes espécies." (ROMANOFF, 2021, doc.eletr). Disponível em: https://www.matinaljornalismo.com.br/rogerlerina/artes-visuais/denilson-baniwa-kino-beat/ . Acesso em 13 de outubro de 2022.
|"As obras de Denilson Baniwa retratam sua experiência como Ser indígena hoje, mesclando referências indígenas tradicionais e contemporâneas e se apropriando de ícones ocidentais para comunicar o pensamento e a luta dos povos originários. Sua prática inclui diversos suportes e mídias como pintura, instalações, mídias digitais e performance. Como ativista pelos direitos dos povos indígenas, desde 2015 ministra palestras, oficinas e cursos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e também na Bahia. Baniwa freqüentemente se apropria de referências culturais ocidentais para descolonizá-las em sua obra; ele é conhecido por questionar paradigmas e abrir caminhos para que povos indígenas em territórios nacionais sejam protagonistas de suas próprias histórias." Disponível em: https://www.pivo.org.br/residencias/participantes/denilson-baniwa/ . Acesso em 13 de outubro de 2022.
|"A crítica do artista não dispensa nem mesmo os protagonismos do próprio modernismo brasileiro que encontram em Oswald de Andrade e Mário de Andrade, seus nomes mais representativos. Uma de suas pinturas mais polêmicas, a cabeça de Mário de Andrade está posta em um cesto junto de uma edição de Macunaíma. Em um primeiro momento, a imagem marca um ritual crítico ao modernismo. Junto a essa crítica existe uma ligação profunda com uma tradição que se devora, a mesma que foi elaborada por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral posteriormente sob o signo do antropófago. É por esse viés que a obra de Denilson Baniwa propõe uma meta-antropofagia ou, ainda, uma antropofagia da antropofagia. Suas colagens agem sob o signo de uma devoração da devoração". (OLIVEIRA, 2022, p.178). Disponível em: https://oap.unige.ch/journals/lingua-lugar/article/download/978/698 . Acesso em 22 de novembro de 2022.
|"No primeiro olhar, estas tecnologias podem parecer totalmente anti-indígenas ou não-indígenas, mas se olharem de onde estou, verão que já algum tempo tecnologias fazem parte do dia-a-dia da maioria das comunidades indígenas do Brasil, sejam por aliados brancos ou já utilizadas por elas próprias. Tecnologias e novas mídias são um recurso importante para a defesa do nosso território, da nossa cultura e da nossa vida. É impossível hoje proteger nossas vidas sem conhecer sobre novas tecnologias, sejam de geoprocessamento, mídias digitais ou transmissão de dados, pois se ficarmos sem estes conhecimentos, seremos eliminados por agentes externos que não pouparão usar tecnologias e conhecimentos para nos cercear. Mesmo os povos que pouco se interessam ou desconhecem sobre estas ferramentas, hoje são protegidas por aliados que as fazem bom uso." (BANIWA, 2021, p.194-195). Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/concinnitas/article/download/63198/40878. Acesso em 22 de novembro de 2022.
|“O pensamento indígena inverte tal distribuição. Se somos multiculturalistas, os índios são multinaturalistas: eles postulam uma unidade transespecífica do espírito e uma diversidade dos corpos. A "cultura" ou o sujeito são a forma do universal, a "natureza" ou o objeto, a forma do particular. É frequente encontrar, na etnografia das Américas, a noção de que diversos tipos de seres -sobretudo os animais e aqueles que chamaríamos "espíritos", mas também plantas, acidentes naturais etc.- são dotados de almas idênticas à humana, o que os torna sujeitos ou pessoas. Muitas culturas indígenas sustentam ainda que os animais, por exemplo, são gente como nós, debaixo de sua aparência corporal característica, e que é assim que eles se vêem: como seres anatômica e culturalmente humanos. Em contrapartida, os animais não nos vêem como gente, mas como animais ou espíritos. Cada espécie, assim, se vê a si mesma como humana e as demais como não-humanas -o que inclui nossa própria espécie. As perspectivas cruzadas se aplicam igualmente ao mundo dos objetos: vendo-se como humano, cada ser vê as coisas com que interage sob a espécie da cultura (humana). Uma onça lambendo o sangue de uma presa se vê bebendo cauim de milho; as antas vêem o barreiro em que se espojam como uma grande casa cerimonial, e assim por diante. Aparentemente, portanto, uma cosmologia relativista como as que conhecemos: cada espécie representa o mundo de um modo diferente. Na verdade, trata-se do oposto: cada espécie vê tudo da mesma maneira -o ambiente das onças e das antas é povoado das mesmas coisas que o humano. O que muda é o mundo que ela vê. Não são as representações que variam, mas as coisas: não os significados, mas os referentes (CASTRO, 1998, doc.eletr). Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs16089808.htm . Acesso em 06 de janeiro de 2023.