As obras do Rommulo investigam a ocupação do homem contemporâneo em espaços públicos e privados. Forma, funcionalidade e ação são apenas recursos para entender as relações de poder que neles acontecem. Em sua série “Tautológicos”, o artista explora a sobreposição de ambientes domésticos, familiares e assépticos, fundidos em uma montagem convidativa. Nem esculturas, nem instalações, mas uma terceira linguagem ainda não nomeada. Apesar de sua poética, Rommulo pensa na arte como uma fórmula, simplificando os elementos ao essencial, misturando-os em sua engenharia lúdica.
“Cozinha Banheiro” é um de seus designs fantasiosos. Rommulo traz elementos dos dois cômodos, conectados entre si. A funcionalidade é um desafio e a cuidadosa organização dos objetos é imprática, mas nos leva a crer que, abrindo-se a torneira, sairá água. Junto à sedução, há a frustração de não poder acessar aquele ambiente. O artista atiça a imaginação do seu público, enquanto provoca desconforto pela impossibilidade da experiência. Qual é o morador que vive neste espaço?
Buscando suas próprias referências, o observador tenta perceber os cômodos do módulo separadamente. No entanto, o artista faz um desafio à imaginação, apresentando ambos ao mesmo tempo. Os módulos de Rommulo criam uma arquitetura impossível e inviável. A fusão de ambientes não leva a uma desordem, mas a um encaixe coeso, lúdico e colorido, que chama o público e oferece possibilidades, ao mesmo tempo que causa estranhamento, distância e nostalgia.
Percebe-se uma brincadeira com a simetria e os reflexos. Observamos não apenas o arranjo dos utensílios, mas o vazio entre eles e a repetição das imagens. O artista explora o
cotidiano, questiona o entendimento de privacidade e critica as diferenças sociais na acessibilidade de espaços de convivência.