-
Deleitar-se um pouco com os brilhos
- Voltar
Miniatura
Compartilhe
Número de registro
MAC0828
Título
Deleitar-se um pouco com os brilhos
Autoria
Ano
2000
Denominação
Dimensões
86 x 55 x 31 cm
Local de produção
Notas descritivas
A obra Deleitar-se um pouco com os brilhos (2000) é uma assemblagem composta por trouxas de tecidos costurados na base de um carrinho de duas rodas, desses carrinhos normalmente utilizados para carregar compras. Ele mede 86 x 35 x 31 cm. Sua base é cromada e tem o formato de L. As rodas são de plástico preto.
A artista retirou a bolsa original do carrinho substituindo-a por quatro volumes de diferentes tecidos e tamanho amarrados e costurados em torno da estrutura de metal do carrinho. Na parte horizontal do carrinho temos uma trouxa toda fechada que mede 39 x 30 cm. O tecido é um pouco áspero. Sua estampa é floral, nas cores roxo, lilás e bege sobre fundo preto. Sobreposto a ele há uma espécie de saco cerzido por uma costura que os une. Ele mede 33 x 20 cm. O tecido é fluido e transparente, com uma tonalidade dourada. O saco possui uma abertura na parte superior, na qual foi feito um acabamento com linha preta. Dentro do saco de tecido há outro saco, porém de plástico, transparente e sem abertura.
Em seu interior pode-se ver lantejoulas furta cor e ramos de flores artificiais, todos na cor verde. Ocupando quase toda a parte vertical do carrinho temos outra trouxa, maior que as anteriores, medindo 58 x 35 cm. O tecido desta é mais encorpado e a cor é um verde escuro metálico. A trouxa foi costurada em torno das hastes de metal, com grandes pontos de linha preta formando um Y. Na parte vertical superior temos um embrulho menor, amarrado na alça do carrinho, medindo 27 x 18 cm. O tecido é o mesmo floral usado na primeira trouxa.
Texto para etiqueta
Téti Waldraff
(Sinimbu/RS, 1959)
Deleitar-se um pouco com os brilhos, 2000
Tecidos, carrinho de metal e plásticos, 86 x 55 x33 cm
Aquisição por compra e doação AAMACRS / Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2010, Funarte
Aquisição
Aquisição por compra e doação AAMACRS / Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2010, Funarte
Créditos da fotografia
Condições de reprodução
O uso de imagens e documentos é permitido para trabalhos escolares e universitários com caráter de pesquisa e sem fins lucrativos. Junto à reprodução, deve sempre constar obrigatoriamente o crédito à fonte original (quando houver) junto ao crédito: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Os direitos autorais são de propriedade de seus respectivos detentores de direitos, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA – Lei no 9.610/1998). O MACRS não detém a propriedade de direitos autorais e não se responsabiliza por utilizações indevidas praticadas por terceiros.
Textos críticos
Texto Crítico
A obra Deleitar-se um pouco com os brilhos (2000) integrou a instalação “Estratégias para Mudança”, composta por outros sete objetos similares, do tipo carrinhos de viagem com trouxas costuradas neles mesmos. Esta série de objetos desenvolvidos por Téti Waldraff nos remete, inicialmente, às noções de mudança, de transformação e de viagem, sugeridas tanto pelo título do conjunto de trabalhos quanto pelos próprios carrinhos. Ao transformar bagagem e carrinho de bagagem em um único e indistinto objeto, a artista também provoca reflexões sobre as bagagens metafóricas e intransferíveis que carregamos. As experiências, memórias, pensamentos que nos acompanham, independente do nosso desejo, fazem parte de nossas trajetórias e nos constituem.
Concomitante a essas relações de mudança e memória, a obra de Téti revela ainda um olhar sensível, que parece inspirar-se e enaltecer uma espécie de capacidade intuitiva de justaposição de diferentes padronagens de tecidos, amarrações e equilíbrios de volumes. Nesse sentido, em uma primeira impressão diante da obra, podemos imaginar que algum visitante do museu “esqueceu” no espaço expositivo o seu carrinho de bagagens. Há nessa operação - a construção elaborada de um objeto de arte que se parece com um objeto comum - um atravessamento conceitual e poético de intensa complexidade, que provoca tanto estranhamento quanto um profundo deleite, como sugerido pelo título da obra.
Autoria
Comentários/Dados históricos
A obra é datada de 2000, de autoria da artista Téti Waldraff (1959, Sinimbu/RS), intitulada "Deleitar-se um pouco com os brilhos". A obra integra a instalação “Estratégias para Mudança”, no qual sete carrinhos com trouxas costuradas fazem parte, o projeto é um dos trabalhos vencedores do "I Concurso de Artes Plásticas Goethe-Institut", em 2000, que selecionou quatro entre 50 artistas gaúchos.
O trabalho foi doado ao Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), por meio da Associação de Amigos do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (AAMACRS), após a associação adquirir as obras através do projeto “MAC-21”, que teve curadoria de Paulo Gomes, na seleção dos artistas e das obras. O projeto “MAC 21” recebeu o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, em 2010, e foi executado entre 2011-2012. Prêmio este, que teve como objetivo a aquisição de obras destinadas ao preenchimento de lacunas pontuais em acervos de instituições museológicas, públicas e privadas.
A obra foi apresentada ao público, como acervo do museu, na exposição "MAC 21 - Um Museu do Novo Século", entre 16 de dezembro de 2014 a 08 de março de 2015, com curadoria de Paulo Gomes, sendo considerada um marco na história do museu.
Exposições e prêmios
- Exposição: Estratégias para Mudança. Goethe - Institut, Galeria de Arte do Goethe Institut, Porto Alegre, RS, 2000; Selecionado na I Edição do Concurso de Artes Plásticas promovido pelo Goethe Institut.
|- Exposição: Balaio Brasil. SESC Belenzinho, São Paulo, SP, 2000.
|- Exposição: Rumos da nova Arte Contemporânea Brasileira, Itaú Cultural. Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, 2002.
|- Exposição: MAC 21 - Um Museu do Novo Século. Galeria Xico Stockinger, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6° andar, Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, RS, 2014-2015.
|- Exposição: Arte Contemporânea RS. Galeria Xico Stockinger, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6 º andar, Casa de Cultura Mário Quintana, Porto Alegre, RS, 2020-2021.
|- Exposição: Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS. Galeria Xico Stockinger, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6 º andar, Casa de Cultura Mário Quintana. Porto Alegre, RS, 2022.
|- Exposição Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS. Galeria Espaço Incomum, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, 2022.
|- Exposição: Relações de Pesquisa: Acervo MACRS em rede. Galeria Xico Stockinger, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6 º andar, Casa de Cultura Mário Quintana. Porto Alegre, RS, 2022.
|- Exposição: Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS, Recorte Corporificações. Galeria Municipal de Arte Gerd Bomheim, Caxias do Sul, RS, 2022.
Histórico de publicações
AITA, Virgínia. A conversão do olhar - “estratégias para mudança”. Ensaio crítico: exposição “Estratégias para mudança”, Téti Waldraff, Instituto Goethe, Porto Alegre, 2000, p. 03-04-05-06.
|BULHÕES, Maria; PELLIN, Vera; VENZON, André [org]. Catálogo acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. 1. ed. Digrapho Produções Culturais, Porto Alegre, 2021. p. 250. Catálogo de Acervo. Disponível em: https://acervomacrs.wpcomstaging.com/catalogo/. Acesso em 20 de abril de 2022.
|COCCHIARELE, Fernando [org]. Rumos da nova arte contemporânea brasileira. Programa rumos itaú cultural artes visuais 2001/2003. Palácio das Artes, Fundação Clóvis Salgado. Belo Horizonte, 2003, p. 21. Catálogo de Exposição.
|CUNHA, Rosana; MANCEBO, Felipe [org]. Formar, Viajar, Estar, Inventariar. Balaio Brasil, SESC, São Paulo, 2000, p. 102.
|GOMES, Paulo. O Projeto MAC-21: Compartilhando uma experiência de exceção. Porto Alegre/Brasil, 2017. p. 06 . Disponível em: http://academiademedicinars.com.br/wp-content/uploads/2021/08/2.3.-Museu-de-Arte-Contempor%C3%A2nea-do-Rio-Grande-do-Sul-MACRS-1.pdf. Acesso em 20 de abril de 2022.
|JORNAL DO COMÉRCIO. A poética do cotidiano. Panorama v.64, Artes Visuais, Porto Alegre, 2000.
|RAMOS, Paula. Nossas bagagens, nossas constantes mudanças. In: Estratégias para Mudança. Goethe Institut, Porto Alegre, 2000, 06 páginas. Catálogo de Exposição.
|RAMOS, Paula. Nossas bagagens para a mudança. Galeria, In: Revista Aplauso. Porto Alegre, 2000, p. 46-47.
|SONNTAGSZEITUNG, Frankfurter. In Brasiliens verloren Garten. Alemanha, 2006, reprod. 26.
|WALDRAFF, Téti. Projeto: Estratégias para Mudança. Instituto Goethe, Porto Alegre, 2000, p. 03-05-06.
|WALDRAFF, Téti. É preciso fazer para poder sonhar. In: Concurso de Artes Plásticas - 10 anos de arte contemporânea, Goethe Institut, Porto Alegre, 2009, p. 24-25-26. Disponível em: https://issuu.com/goethepoa/docs/catalogo-10anos-completo_fontes. Acesso em 20 de abril de 2022.
07.
ZERO HORA. Esculturas para viagem - Téti Waldraff funde volumes de tecidos e carrinhos de levar malas. Segundo Caderno, Artes, Porto Alegre, 2000, p. 07.
JORNAL DO COMÉRCIO. A poética do cotidiano. Panorama v.64, Artes Visuais, Porto Alegre, 2000.
Eventos relacionados
Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS | Relações de Pesquisa: acervo MACRS em rede
Mídias relacionadas
“Estratégias para Mudança - série de Téti Waldraff - inaugura hoje na Galeria do Goethe - Instituto, às 19h. É um dos trabalhos vencedores do I Concurso de Artes Plásticas da instituição, que selecionou quatro entre 50 artistas gaúchos. O projeto de Téti vem sendo desenvolvido em várias etapas desde 97 e , nesta última, a artista investiga a plasticidade e potência visual de materiais do cotidiano, redirecionados de sua função real. Composta de objetos tridimensionais criados com diversos materiais, a série configura uma situação de espera/embarque que, conforme Téti, “é uma bagagem proveniente de memórias do internato, daquele ir e vir nos fins-de-semana, de casa para a escola e da escola para a casa”. Para representar as bagagens, Téti trabalha com objetos do cotidiano, deslocados de sua função. Assim eles ganham um novo status, integrando-se à uma poética do cotidiano. Téti Waldraff explica que coleciona objetos interessantes, e os reserva para o momento oportuno em que farão parte da construção artística. A novidade desta fase é o movimento dos objetos, agora colocados em carrinhos. “Talvez o próximo passo seja o da interação com o espectador - adianta ela - já que as pessoas manifestam o desejo de tocar nos objetos”. A mostra pode ser visitada a partir das 14h30min até 13 de outubro, na rua 24 de outubro 112”. (JORNAL DO COMÉRCIO, 2000).
|“A artista plástica Téti Waldraff, 40 anos, abre hoje no Instituto Goethe a exposição Estratégias para Mudança. São sete inusitadas “esculturas-bagagens”, alinhadas no chão, em fila indiana. A mostra é a segunda que o Goethe apresenta desde que reformou o saguão do segundo andar especialmente para acolher exposições de arte. A seleção dos artistas que expõem no local foi feita num concurso disputadíssimo, em que o júri em si já era um prêmio: gente como Agnaldo Farias, curador do Museu de Arte Moderna do Rio, e a artista plástica Vera Chaves faziam parte da comissão. Os trabalhos de Téti apresentam uma consequência madura e consistente do que ela veio mostrando ao longo dos últimos três anos. A artista, gaúcha de Sinimbú, vinha fazendo colagens com flores artificiais. Das colagens, passou a criar objetos plastificados, como casulos transparentes. Daí, chegou a trouxas de tecido e plástico e agora apresenta essas “bagagens”: uma combinação de volumes de pano, cestos de roupa, invólucros de plástico e carrinhos de transportar malas, tudo com costuras grosseiras e aparentes, como cicatrizes corporais, um certo humor e um convite não-explícito ao toque - incluindo ainda as flores artificiais que a artista nunca abandonou”. (ZERO HORA, 2000, p. 07).
|“Sempre estamos sonhando em fazer algo. Mas é fazendo que podemos sonhar de verdade! Isto remete ao cotidiano do fazer/pensar arte considerando todos os envolvimentos que eu como artista desdobro para poder dialogar com o público através do meu trabalho. Foi desafiante e estimulante encaminhar o projeto ao Primeiro Concurso de Artes Plásticas do Instituto Goethe, instituição que promove manifestações culturais contemporâneas, oportunizando espaços aos artistas proponentes de diversas linguagens, e ao público. O júri que selecionou meu projeto, o qual respeito muito, possibilitou - me diversos diálogos que se seguiram com esta instalação em outros projetos e espaços e me confirmaram o pensamento: “É preciso fazer para poder sonhar”. A pesquisa em processo neste projeto me permitiu tecer várias reflexões e descobrir diferentes procedimentos construtivos que revelaram novas possibilidades de significados. A utilização de tecidos, plásticos transparentes visou especialmente criar revelações não tão evidentes no primeiro contato do espectador com a obra. Era necessário uma aproximação e atenção.” (WALDRAFF, 2000, p. 03).
|“Téti Waldraff, em Estratégias para Mudança, não apenas escancara mais uma vez nossas bagagens essenciais à temática maior de sua investigação poética, como propõe um olhar reflexivo sobre o que é necessário para mudar, desde a mudança geográfica, até a conceitual, de atitude. Nesse sentido, os títulos de seus trabalhos são bastante sugestivos. Em servir-se de copos-de-leite, por exemplo, com as flores em plástico que levam esse nome, Téti sugere o aspecto saudável da bebida, assim como Deleitar-se um pouco com os brilhos, prega que apreciar um pouco o fausto e os dourados não fazem mal a ninguém. Enfim, eles funcionam como pistas de um exercício de narrativa, de um percurso que tem como base de criação e de construção o popular “carrinho” de viagem. Aquele mesmo, em que costumamos empilhar sacolas, malas, pequenas compras, penduricalhos”. (RAMOS, 2000, p.03).
|“É. Corajoso o trabalho de Téti Waldraff. Utilizando-se de tecidos, plásticos, botões, lantejoulas, linhas, contas e flores artificiais, a artista vem pesquisando, desde 1997, uma linguagem estética nada fácil a olhares velozes e precipitados. Nesse sentido, é urgente ressaltar que seu trabalho requer tempo. Primeiro, para se acostumar ao estranhamento, Depois, para apreender os vários elementos e procedimentos de que a artista se apropria. (...) Agora, essas bagagens, sacolas e bolsas ganham um suporte, o carrinho de viagem. Sobre ele, a artista colocou, costurou, sobrepôs centenas de elementos,. Desde as grandes trouxas de embrulhos em novos tecidos com estampas florais, em que o espectador deve fazer um exercício de sugestão do que há dentro - quem sabe não são os segredos que guardamos e carregamos conosco? - até bandejas, chaves, niqueleiras, camisetas e flores artificiais envoltas ou empacotadas com plásticos transparentes. Como o próprio título da exposição aponta, esses objetos são pistas para a mudança. Desde a mudança geográfica - daí o carrinho, sugerindo uma viagem - até a mudança de atitude. Nesse ponto, os criativos títulos dos trabalhos dão o norte. Em Guardar uns Segredos, com o molho de chaves visível, Téti sugere que todos devam ter os seus pequenos segredos. Em Servir-se de Copos-de-Leite, por exemplo, com as flores em plástico que levam esse nome, ela prega o aspecto saudável da bebida. Ou ainda em O Giro ao Sol, à esquerda, os dourados e amarelos lembram a estrela maior do nosso sistema. Enfim, eles funcionam como pistas de um exercício de narrativa. Mas são vários os elementos presentes nesses objetos. Por isso, para apreender verdadeiramente o que a artista nos propõe, é necessário olhar de perto, em torno, através dessas transparências. Talvez assim se possa perceber o exercício de diálogo entre os conceitos de interior e exterior, transparente e opaco, rígido e flexível, contido e expandido,. Todas essas características aparecem na atual pesquisa poética de Téti. E demonstra, definitivamente, que não se trata de uma brincadeira. Ela sabe o que está fazendo”. (RAMOS, 2000, p.47).
|“Cada ‘objeto’ carrega a subversão de um poema - “O giro ao sol”, “Servir-se de copos de leite”, “ Deleitar-se um pouco com os brilhos”, “Cestas comunicantes”, “Curvar a bagagem e rechear de flor o cardápio" em “Guardar uns segredos", “Embrulhar as marcas do tempo”, “Deleitar-se um pouco com os brilhos”, "Guardar uns segredos”, “Embrulhar as marcas do tempo” - e a espessura da memória transfigurada. A artista nos fala de embalar fragmentos de mundo, acumular resíduos do tempo num ritual de potencialização afetiva e recuperação da experiência vivida. Um olhar mais atento revela que estes objetos se desdobram, prologam e expandem num design incerto: cestos de roupas que se transmutam em vasos comunicantes ou containers e trouxas (de roupas usadas) energicamente amarradas (transpassadas pelo tempo e marcadas pelo vivido) que se fundem num único corpo sob o invólucro/membrana transparente/ do filme plástico, ou então, no brilho de sua superfície refletem e multiplicam figuras. Na fatura quase “gráfica” de costura negra, pois a mão obedece o pensamento, o percurso narrativo do “fio” emula a passagem e tentativa de contenção do tempo. Se a obra de arte sempre foi uma tentativa de driblar a morte, isto aqui se traduz no gesto e acumula os vestígios do tempo quotidianamente consumido. Ou seja, gestos e operações que se repetem e renovam para se perpetuar: juntar, amealhar, envolver, dobrar, socar, amarrar, costurar e… embalar para a viagem. Mas é a mudança que equaciona o tempo e dissolve o determinismo do passado: Aqui e agora (hic et nunc) é sempre o ponto de partida e a história pode ser reinventada”. (AITA, 2000, p. 03).
|Estratégias para Mudança, 2000. Téti Waldraff . Mista - cinco peças. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21624/teti-waldraff?gclid=CjwKCAjw9qiTBhBbEiwAp-GE0ceIyvSlLbbU3FGTV8voT0EP2spqxl5ssTR0R44oZ8PgP2NPNLsW5hoC3vUQAvD_BwE. Acesso em 20 de abril de 2022.
|"A pesquisa em processo neste projeto me permitiu tecer várias reflexões e descobrir diferentes procedimentos construtivos que revelaram novas possibilidades de significações. A utilização de tecidos e plásticos transparentes visou especialmente criar revelações não tão evidentes no primeiro contato do espectador com a obra. Era necessária uma aproximação e atenção". (WALDRAFF, 2009, p. 24-26). Disponível em: https://desarquivo.org/sites/default/files/catalogo-10anos-completo_fontes.pdf .Acesso em 20 de abril de 2022.
|"Iniciei essa atividade mostrando a obra Estratégias de Mudanças, da artista gaúcha Téti Waldraff. É uma obra que fala dos sentimentos e da memória. O suporte do trabalho da artista é o “carrinho” de viagem, usado para empilhar sacolas, malas e compras. Ela apresenta sete carrinhos com trouxas costuradas, coladas e embrulhadas. Não dava para saber o que havia dentro dos embrulhos. Todas as sete trouxas estavam cobertas com tecidos coloridos, floridos e muitas lantejoulas. Em algumas trouxas, era possível identificar flores de plástico, como copos-de-leite. Em outra trouxa, apareciam uma bandeja, um prato, copos e talheres, não ficando muito visível o que a artista carregava na sua bagagem". (BERNARDES, 2013, p. 69). Disponível em: https://arquivos.cruzeirodosuleducacional.edu.br/principal/old/revista_educacao/pdf/volume_6_1/educacao_65-72.pdf . Acesso em 20 de abril de 2022.
|"As obras de Téti Waldraff (Santa Cruz do Sul, RS, 1959) foram escolhidas por apresentarem suas melhores características formais, o requintado artesanato e a apropriação de objetos industriais, e sua profunda ironia e habilidade construtora. Suas esculturas impõem ao espectador uma dupla consciência: de um lado a banalidade dos seus componentes e, de outro, a riqueza metafórica que elas propõem". (GOMES, 2017, p. 06). Disponível em: http://academiademedicinars.com.br/wp-content/uploads/2021/08/2.3.-Museu-de-Arte-Contempor%C3%A2nea-do-Rio-Grande-do-Sul-MACRS-1.pdf. Acesso em 20 de abril de 2022.