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Sem Título
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Miniatura
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Número de registro
MAC0532
Título
Sem Título
Autoria
Ano
2001
Denominação
Material/Técnica
Bordado | Espuma | Gravura em metal | Linha | Papel
Dimensões
21 x 21,5 x 1,5
Edição/estado
36/100
Notas descritivas
A assemblagem é composta por gravura em metal sobre papel de arroz (utilizado para fazer cigarros) aplicado em manta acrílica branca, de formato quadrado, medindo 21 x 21,5 x 1,5 cm. A figura gravada mede 8 x 4,5 cm e representa o trajeto de uma viagem realizada pela artista. O desenho consiste em um traço fino na cor vermelha, que atravessa o papel em diagonal, do canto inferior esquerdo ao canto superior direito.
Na extremidade inferior da linha, lê-se a inscrição “RIO”, representando o Rio de Janeiro (Brasil), e na extremidade superior lê-se a inscrição “BRU”, representando Bruxelas (Bélgica), onde a obra em questão foi produzida, no ano de 2001. No canto inferior esquerdo do papel, partindo do ponto marcado como “RIO”, há ainda uma pequena linha que representa o percurso até “BSB”, representando Brasília (Brasil). O traço que representa o percurso BSB-RIO mede 0,5 cm, enquanto o traço diagonal que vai do Rio de Janeiro até Bruxelas mede 5cm. Todas as inscrições também são vermelhas.
A gravura está fixada no centro da manta acrílica, na parte superior, costurada em cada ponta do papel por um pesponto em linha de cor creme. Logo abaixo da gravura, na parte central inferior da manta acrílica, lê-se a inscrição “25.08.01”, que mede 3 x 12 cm, também bordada em linha de cor creme. Os números representam a data da viagem intercontinental representada na gravura. A assemblagem foi produzida em múltiplos, e o exemplar em questão é a 36ª edição de uma série de 100 exemplares.
Palavras-chave
Texto para etiqueta
Ana Miguel
(Niterói, 1962)
Sem título, 2001
Linha, papel, bordado e gravura em metal sobre fibra de poliéster
21 x 21,5 x 1,5 cm
Doação Joaquim Paiva
Aquisição
Doação Joaquim Paiva, 2022
Créditos da fotografia
Condições de reprodução
O uso de imagens e documentos é permitido para trabalhos escolares e universitários com caráter de pesquisa e sem fins lucrativos. Junto à reprodução, deve sempre constar obrigatoriamente o crédito à fonte original (quando houver) junto ao crédito: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Os direitos autorais são de propriedade de seus respectivos detentores de direitos, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA – Lei no 9.610/1998). O MACRS não detém a propriedade de direitos autorais e não se responsabiliza por utilizações indevidas praticadas por terceiros.
Textos críticos
Texto Crítico
A obra de Ana Miguel, muitas vezes, possui caráter autobiográfico - ou seja, faz referência às suas experiências pessoais. No caso da obra em questão, a artista criou um sistema poético de registro do roteiro de consecutivas viagens que realizou entre as décadas de 1990 e 2000. A noção de percurso, experiência vivida, afeto e subjetividade feminina apresentam-se como elementos disparadores para uma reflexão sobre a memória.
Sempre que a artista partia de um lugar rumo a outro, ela produzia uma gravura em ponta seca traçando o itinerário percorrido. Ana Miguel utilizava sempre a mesma chapa metálica, apagando a inscrição anterior e gravando o último itinerário percorrido. Este processo de gravar, apagar e regravar resultava em cores esmaecidas a cada nova impressão.
Os rastros dos traçados anteriores preservam, ainda que de forma fugidia, a memória das respectivas gravuras. Assim, as gravuras de roteiros se desdobram em diferentes trabalhos compostos pela justaposição de técnicas como bordado e gravura associados a materiais como manta acrílica. Algumas obras resultantes dessa pesquisa poética integraram a exposição Circulación, de 1995, no Centro Cultural de Gràcia, em Barcelona como, por exemplo, o múltiplo Gitanes (1994), composto por oito gravuras de roteiros de viagens impressas sobre papel de cigarros Gitane.
Ana Miguel elabora a matéria de seu trabalho a partir da investigação das relações humanas, da literatura, das palavras, dos desvios, dos deslizamentos de sentido e das experiências do tempo e dos afetos. Sua prática examina diferentes aspectos da vida, ambicionando a amplificação de sutilezas e intensidades, frequentemente a partir de elementos que exortam forças germinativas universais.
Autoria
Comentários/Dados históricos
A obra é datada de 2001, de autoria da artista Ana Miguel (1962, Niterói/RJ), e intitulada “Sem Título”. O trabalho é feito a partir de fibra de poliéster, linha e aplicação em papel com roteiros de viagens e está relacionado com algumas viagens realizadas pela artista entre os anos 1990 e 2000. Em muitas dessas viagens, Ana Miguel realizava uma gravura em ponta seca dos seus trajetos, utilizando uma mesma chapa para gravar diferentes percursos.Por exemplo, esta obra é fruto de sua passagem entre Bruxelas (Bélgica), Rio de Janeiro e Brasília (Brasil), com a data do percurso bordada na manta acrílica. A obra foi doada ao Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul por meio de colecionador.
Exposições e prêmios
Exposição: Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS. Galeria Xico Stockinger, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6 º andar, Casa de Cultura Mário Quintana. Porto Alegre, RS, 2022.
Histórico de publicações
BULHÕES, Maria; PELLIN, Vera; VENZON, André [org]. Catálogo acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. 1. ed. Digrapho Produções Culturais, Porto Alegre, 2021. p. 47. Catálogo de Acervo. Disponível em: https://acervomacrs.wpcomstaging.com/catalogo/. Acesso em 18 de abril de 2022.
CAMPOS, Marcelo [org]. Modos de atravessar o deserto. Exposição de Ana Miguel, na Galeria Moura Marsiaj, São Paulo, 2012. 28 páginas. Catálogo de Exposição. Disponível em: https://issuu.com/ana.miguel/docs/modos_de_atravessar_o_deserto_issuu , Acesso em 19 de setembro de 2022.
MIGUEL, Ana [org]. Circulacion. Centro Cultural de Grácia, Barcelona, 1995. 22 páginas. Catálogo de Exposição. Disponível em: https://issuu.com/ana.miguel/docs/circulacion_issuu , Acesso em 19 de setembro de 2022.
NEVES, Galciani. Fábulas e contos para livros sonhos. In “Tramas comunicacionais e procedimentos de criação: por uma gramática do livro de artista”, Dissertação de Mestrado em Comunicação e Semiótica. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1999. Disponível em: https://www.anamiguel.com/pdf/Fabulas_e_contos_para_livros_sonhos_email.pdf , Acesso em 19 de setembro de 2022.
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“Experimentando as diferentes técnicas de gravura para produção de imagens, eu escrevia textos no próprio papel da gravura. Aos poucos, eu fui organizando sanfonas, dobraduras. Para mim, já estava claro que o meu interesse na gravura era a possibilidade de trazer imagem e palavra no mesmo ambiente”, explica Ana Miguel. Com o tempo, a artista foi incrementando os seus procedimentos de gravar e escrever textos, adicionando e entrelaçando outros elementos como pérolas, tecidos, linhas, resinas, espumas, fibras sintéticas e formando dobraduras nas gravuras. As gravuras foram se tornando mais tridimensionais e alcançando ocupações volumétricas.” (NEVES, 1999, p. 03). Disponível em: https://www.anamiguel.com/pdf/Fabulas_e_contos_para_livros_sonhos_email.pdf , Acesso em 19 de setembro de 2022
|“Na década de 1990, Ana Miguel fez algumas viagens pela Europa. Em cada cidade que conhecia, a artista fazia uma gravura em ponta seca na mesma chapa, imprimia uma única cópia e ao chegar em outro destino, apagava a chapa e voltava a gravar. “Circulación” são nove livros de viagem inter-relacionados através de linhas que fazem parte da narrativa de cada livro e que perpassam por todos os volumes: “numa tentativa de fazer mesmo o conteúdo do livro circular e se interligar em outras situações. Eu queria botar o livro para fora. Circulación tem a circulação no espaço, a circulação orgânica e a circulação das intensidades de relações entre as pessoas”, explica Ana Miguel. Os livros de “Circulación” são “livros-esculturas” maleáveis, feitos de acrilon e apresentam as gravuras como roteiros de viagem. Os livros podem ser manipulados com luvas de látex e para lê-los e compreendê-los, é necessário tocá-los, sentir a maciez e quem sabe surpreender-se com as “imagens-cicatriz” inscritas e misturadas aos textos, num ambiente livro bucólico e de fragilidade. “Os materiais não são inocentes. Eu busquei a cor por veladura em superfícies macias e evocativas, carregadas de muita memória e afeto. Os alfinetes desestabilizam a delicadeza, é preciso ter atenção para manipular os livros”, segundo a artista.” (NEVES, 1999 , p.08). Disponível em: https://www.anamiguel.com/pdf/Fabulas_e_contos_para_livros_sonhos_email.pdf , Acesso em 19 de setembro de 2022.
|"A preocupação com o sofrimento do universo feminino caracteriza seus trabalhos posteriores. Os sulcos, feridas, cicatrizes, memórias da pele, e alfinetes sugerem o constante risco de estar viva. Frases dolorosas entre o eu e o tu, cuidadosamente bordadas em superfícies rosadas e macias sugerem a inexistência de uma relação amorosa sem dor". (BARCELLOS, 2001, doc. eletr). Disponível em: https://www.escritoriodearte.com/artista/ana-miguel .Acesso em 19 de abril de 2022.
|"As aparências enganam mais do que nunca na obra de Ana Miguel. A um primeiro olhar, trata-se de um universo muito delicado, feito de trabalhos manuais femininos e minuciosos como crochê e a costura. São colocados em cantos aconchegantes, que convidam ao repouso. Seus objetos parecem brinquedos, cantam cantigas infantis ou se movimentam como bichos de pelúcia movidos a pilha. Essa aparente suavidade, porém, contrasta com um humor corrosivo, que gera assemblages perversas, feitas de lã e olhos de vidro, veludo e alfinetes, garras e dentes". (MORAES, 2001, doc.eletr). Disponível em: https://www.escritoriodearte.com/artista/ana-miguel .Acesso em 19 de abril de 2022.
|“Já em 1981, Ana fazia gravuras em que imagens pequenas, ao mesmo tempo poderosas e delicadas, ocupavam espaços deslocados dentro do papel branco. Nesses trabalhos figurava um universo infantil e feminino tratado com transgressão e humor. E desde essa época a fantasia, o fantástico, o desejo de lidar com os mitos já se manifestava. Os docinhos de festa tri-dimensionais dos anos 80 abriram caminho na arte contemporânea brasileira para se lidar com o jogo, as mini-esculturas, o sentido teatral da instalação. O percurso posterior da artista incorporou temas e materiais variados, mas manteve a decisão de ir além da expressão de sentimentos e idéias para se constituir em uma reflexão que, não prescindindo de uma poética própria, se baseia em formas visuais precisas. Mas a leitura que faz Ana Miguel, apesar de rigorosa, não é puramente formal, e sim sensorial e figurativa. A forma é procurada, ao invés de encontrada no mundo e apropriada. Os objetos - os ovos com bocas e orelhas, o livrinho torre, os fios de palavras - fazem parte da criação de um mundo tão insólito quanto convidativo.” (REYNAUD, 2004, p. 31). Disponível em: https://issuu.com/ana.miguel/docs/narrativas_issuu . Acesso em 21 de novembro de 2022.
|“De toda sorte são os objetos emancipados pela artista, que surgem como parte de um elenco de personagens dispostas para um próximo ato: alfinetes, luvas de látex, botões, fitas de veludo, lã, penas, cabeças e olhos de bonecas, fragmentos de brinquedos, forminhas de papel, dados, todos acionados pela vida que lhes cabe, a partir de cada hipótese lançada sobre eles pela artista que passa, então, a habitar suas existências quase imperceptíveis". (FAZZORALI, 2009, p.173). Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062009000100019 .Acesso em 19 de abril de 2022.
|Artistas indicados PIPA 2011: Ana Miguel. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sYB-PvDXgZI&t=117s. Acesso em 19 de abril de 2022.
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