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Número de registro
MAC0533
Título
Sem Título
Autoria
Ano
1995 | 1996 | 1997 | 1998 | 1999 | 2000
Denominação
Material/Técnica
Dimensões
17 x 11 cm
Notas descritivas
A obra, entendida pela artista como arte postal, é composta por gravura em metal transpassada por alfinete sobre papel cartão no estilo vergê, de cor marfim, e texto do tipo dedicatória em caneta esferográfica preta.
O cartão foi produzido em Rabat (Marrocos), no ano de 1995, e faz parte de uma tiragem de 100 exemplares, embora não se saiba à qual edição a obra em questão condiz. Entretanto, a dedicatória foi escrita e o cartão foi enviado ao destinatário somente em outubro de 2000.
O papel foi dobrado ao meio, de forma que o cartão mede 17 x 11 cm quando está fechado, e 17 x 22 cm quando é aberto em toda sua extensão, e é orientado verticalmente. No centro do anverso do cartão, representando a capa, está a gravura em metal, medindo 2,5 x 2,5 cm, cuja figura é um pequeno coração vermelho. Ao redor do coração, estão dispostos minúsculos traços aleatórios, que despontam do desenho como se fossem espinhos. A gravura é transpassada no meio por um alfinete de cabeça perolado, que mede 3,6 cm.
No interior do cartão, no lado esquerdo da dobra, lê-se texto escrito pela artista ao amigo-destinatário:
“Brasília, 23 de outubro de 2000.
Querido Joaquim, como vai, quanto tempo!
Eu tive um tempo de tanto movimento, as exposições todas com viagens, de um lado para o outro! Saiu tudo bem, inclusive tive vários trabalhos comprados para a coleção Chateaubriand. Fiquei feliz, imagine só… Mas esse movimento me cansa muito, acho que você sabe que o meu “habitat” é entre os livros e os trabalhos. Agora vou me animando para os novos projetos, que já tenho até expo em Barcelona para o próximo ano.
Te envio um catálogo de São Paulo, e peço o grande favor de entregar o pacotinho para a Ana [palavra ilegível].
Você vai sempre lá fazer meditação, não é?”
O texto prossegue no lado direto à dobra:
“No pacotinho tem um vídeo documentando algumas exposições e um catálogo para ela.
E você, tem feito coisas bacanas?
Muitos beijos, saudades da amiga Ana”.
Texto para etiqueta
Ana Miguel
(Niterói, 1962)
Sem título, 1995-2000
Alfinete, gravura em metal e tinta de esferográfica sobre cartão, 17x11cm
Doação Joaquim Paiva
Aquisição
Doação Joaquim Paiva, 2022
Créditos da fotografia
Condições de reprodução
O uso de imagens e documentos é permitido para trabalhos escolares e universitários com caráter de pesquisa e sem fins lucrativos. Junto à reprodução, deve sempre constar obrigatoriamente o crédito à fonte original (quando houver) junto ao crédito: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Os direitos autorais são de propriedade de seus respectivos detentores de direitos, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA – Lei no 9.610/1998). O MACRS não detém a propriedade de direitos autorais e não se responsabiliza por utilizações indevidas praticadas por terceiros.
Textos críticos
Texto Crítico
Ana Miguel elabora a matéria de seu trabalho a partir da investigação das relações humanas, da literatura, das palavras, dos desvios, dos deslizamentos de sentido e das experiências do tempo e dos afetos. Sua prática examina diferentes aspectos da vida, ambicionando a amplificação de sutilezas e intensidades, frequentemente a partir de elementos que exortam forças germinativas universais. A artista costuma trabalhar associando gravuras em metal a elementos como tecido, linha, costura, bordado, olhos de boneca, pérolas, alfinetes, entre outros materiais.
De acordo com a artista, foram enviadas outras edições da tiragem desta obra à diferentes destinatários, de forma que o cartão representa uma prática de escrita a amigos, conferindo à obra caráter autobiográfico.
Este trabalho habita a fronteira entre documento e obra de arte, uma vez que é um cartão pessoal, enviado ao amigo e colecionador de obras Joaquim Paiva, e é também uma peça feita pela artista. O MAC/RS optou por catalogar este item enquanto arte postal a partir de conversas com a artista.
Autoria
Comentários/Dados históricos
A obra é datada de 1995 - 2000, de autoria da artista Ana Miguel (1962, Niterói/RJ). Esta obra, entendida pela artista como arte postal, é composta por gravura em metal transpassada por alfinete sobre papel cartão no estilo vergê, de cor marfim, e texto do tipo dedicatória em caneta esferográfica preta.
O cartão foi produzido em Rabat (Marrocos), no ano de 1995, e faz parte de uma tiragem de 100 exemplares, embora não se saiba à qual edição a obra em questão condiz. Entretanto, a dedicatória foi escrita e o cartão foi enviado ao destinatário somente em outubro de 2000. O trabalho da artista, a um primeiro olhar, apresenta um universo delicado, com escritas, alfinetes e linhas em movimentos finos. A obra faz parte de uma coleção de cartões com diferentes destinatários, e está relacionada com a estadia da artista em Marrocos, momento em que Ana Miguel insere em suas obras linhas, agulhas, alfinetes e pequenos corações. A obra foi doada ao Museu de Arte Contemporânea por meio de colecionador.
Exposições e prêmios
Exposição: Matéria Difusa - Um olhar sobre a coleção MACRS. Galeria Xico Stockinger, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), 6 º andar, Casa de Cultura Mário Quintana. Porto Alegre, RS, 2022.
Histórico de publicações
BULHÕES, Maria; PELLIN, Vera; VENZON, André [org]. Catálogo acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. 1. ed. Digrapho Produções Culturais, Porto Alegre, 2021. p. 47. Catálogo de Acervo. Disponível em: https://acervomacrs.wpcomstaging.com/catalogo/. Acesso em 18 de abril de 2022.
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Mídias relacionadas
“A estadia de Ana Miguel no Marrocos é decisiva para entender sua obra, repleta de referências simbólicas a uma realidade que afeta determinantemente o universo feminino. A extraordinária capacidade poética, evocadora e sugestiva de seus objetos cobre-se de perversidade. Ana Miguel nos fala de feridas abertas, de medos, de situações coercitivas, do peso de uma tradição que invade e se apropria do pessoal. As agulhas marcam com linha vermelha a seda, enquanto inumeráveis alfinetes com cabeça de pérola atravessam complacentes a suavidade dos pequenos corações... Até romper os limites do privado e referir-se a uma realidade social.” (TUDELILLA, 1996, p.14). Disponível em: https://www.anamiguel.com/pdf/je_te_parle_delle.pdf , Acesso em 29 de setembro de 2022.
|“Experimentando as diferentes técnicas de gravura para produção de imagens, eu escrevia textos no próprio papel da gravura. Aos poucos, eu fui organizando sanfonas, dobraduras. Para mim, já estava claro que o meu interesse na gravura era a possibilidade de trazer imagem e palavra no mesmo ambiente”, explica Ana Miguel. Com o tempo, a artista foi incrementando os seus procedimentos de gravar e escrever textos, adicionando e entrelaçando outros elementos como pérolas, tecidos, linhas, resinas, espumas, fibras sintéticas e formando dobraduras nas gravuras. As gravuras foram se tornando mais tridimensionais e alcançando ocupações volumétricas. (NEVES, 1999, p. 03). Disponível em: https://www.anamiguel.com/pdf/Fabulas_e_contos_para_livros_sonhos_email.pdf , Acesso em 19 de setembro de 2022.
|“Ana Miguel pensa os seus trabalhos a partir de sensações físicas nas quais se inscrevem as tensões e inseguranças que formam parte da nossa vida cotidiana. Com alguns elementos que têm a ver com as prendas femininas, aos quais incorpora olhos, dentes e alfinetes afiados, cria objetos e paisagens, com os quais maneja sutilmente o questionamento por meio da fantasia. Um adorno pode converter-se num instrumento de tortura e uma peça de vestir num testemunho inquietante” (TORTOSA, 2000, p,01). Disponível em: https://www.anamiguel.com/press/2000_AlinaTortosa.pdf , Acesso em 19 de setembro de 2022.
|"A preocupação com o sofrimento do universo feminino caracteriza seus trabalhos posteriores. Os sulcos, feridas, cicatrizes, memórias da pele, e alfinetes sugerem o constante risco de estar viva. Frases dolorosas entre o eu e o tu, cuidadosamente bordadas em superfícies rosadas e macias sugerem a inexistência de uma relação amorosa sem dor". (BARCELLOS, 2001, doc.eletr). Disponível em: https://www.escritoriodearte.com/artista/ana-miguel .Acesso em 19 de abril de 2022.
|"As aparências enganam mais do que nunca na obra de Ana Miguel. A um primeiro olhar, trata-se de um universo muito delicado, feito de trabalhos manuais femininos e minuciosos como crochê e a costura. São colocados em cantos aconchegantes, que convidam ao repouso. Seus objetos parecem brinquedos, cantam cantigas infantis ou se movimentam como bichos de pelúcia movidos a pilha. Essa aparente suavidade, porém, contrasta com um humor corrosivo, que gera assemblages perversas, feitas de lã e olhos de vidro, veludo e alfinetes, garras e dentes". (MORAES, 2001, doc eletr). Disponível em: https://www.escritoriodearte.com/artista/ana-miguel .Acesso em 19 de abril de 2022.
|“Já em 1981, Ana fazia gravuras em que imagens pequenas, ao mesmo tempo poderosas e delicadas, ocupavam espaços deslocados dentro do papel branco. Nesses trabalhos figurava um universo infantil e feminino tratado com transgressão e humor. E desde essa época a fantasia, o fantástico, o desejo de lidar com os mitos já se manifestava. Os docinhos de festa tri-dimensionais dos anos 80 abriram caminho na arte contemporânea brasileira para se lidar com o jogo, as mini-esculturas, o sentido teatral da instalação. O percurso posterior da artista incorporou temas e materiais variados, mas manteve a decisão de ir além da expressão de sentimentos e idéias para se constituir em uma reflexão que, não prescindindo de uma poética própria, se baseia em formas visuais precisas. Mas a leitura que faz Ana Miguel, apesar de rigorosa, não é puramente formal, e sim sensorial e figurativa. A forma é procurada, ao invés de encontrada no mundo e apropriada. Os objetos - os ovos com bocas e orelhas, o livrinho torre, os fios de palavras - fazem parte da criação de um mundo tão insólito quanto convidativo.” (REYNAUD, 2004, p. 31). Disponível em: https://issuu.com/ana.miguel/docs/narrativas_issuu . Acesso em 21 de novembro de 2022.
|"De toda sorte são os objetos emancipados pela artista, que surgem como parte de um elenco de personagens dispostas para um próximo ato: alfinetes, luvas de látex, botões, fitas de veludo, lã, penas, cabeças e olhos de bonecas, fragmentos de brinquedos, forminhas de papel, dados, todos acionados pela vida que lhes cabe, a partir de cada hipótese lançada sobre eles pela artista que passa, então, a habitar suas existências quase imperceptíveis". (FAZZORALI, 2009, p.173). Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062009000100019 . Acesso em 19 de abril de 2022.
|Artistas indicados PIPA 2011: Ana Miguel. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sYB-PvDXgZI&t=117s. Acesso em 19 de abril de 2022.
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