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18 vezes
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Miniatura
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Número de registro
MAC0340
Título
18 vezes
Autoria
Ano
2001
Denominação
Material/Técnica
Suporte/Mídia
Dimensões
52 x 52 x 3,2 cm
Local de produção
Notas descritivas
A obra 18 vezes é composta por dezoito varetas de madeira pendentes sobre suporte de madeira de 52 x 52 cm. Cada vareta consiste em um sólido geométrico em forma de um paralelepípedo delgado, medindo 50 x 1,3 x 1,3 cm cada, dispostos lado a lado, na vertical, com espaçamento de 2,9 entre eles. As seis faces de cada vareta são cobertas por marcas aparentemente repetidas de pequenos módulos de 1,3 cm (dispostos lado a lado). Estas marcas são feitas com um carimbo produzido pela artista a partir da técnica de xilogravura. Assim, a face do carimbo está sulcada por pequenos grafismos. Entintado em tinta acrílica, ora vermelha, ora fuccia, o carimbo produz sobre as varetas um desenho de delicados traços brancos sobre vermelho e fúcsia. A composição pictórica foi impressa na superfície dos paralelepípedos com um carimbo produzido pela artista a partir da técnica de xilogravura. A cada impressão a artista alternava a posição do carimbo de modo a desdobrar uma única matriz em múltiplas possibilidades imagéticas, que vão desde a disposição das formas no objeto até as tonalidades da cor. As varetas são numeradas do 1 ao 18 e exibidas sobre o painel de madeira em ordem crescente. A vareta número 1 contém a assinatura da artista.
Texto para etiqueta
Maria Lucia Cattani
(1958, Garibaldi/RS - 2015, Porto Alegre/RS)
18 vezes, 2001
Tinta acrílica sobre madeira
52x52x3,2cm
Aquisição por compra e Doação AAMACRS / Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça 2010, Funarte
Aquisição
Aquisição por compra e doação AAMACRS, 2012
Créditos da fotografia
Condições de reprodução
O uso de imagens e documentos é permitido para trabalhos escolares e universitários com caráter de pesquisa e sem fins lucrativos. Junto à reprodução, deve sempre constar obrigatoriamente o crédito à fonte original (quando houver) junto ao crédito: Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. Os direitos autorais são de propriedade de seus respectivos detentores de direitos, conforme a Lei de Direitos Autorais (LDA – Lei no 9.610/1998). O MACRS não detém a propriedade de direitos autorais e não se responsabiliza por utilizações indevidas praticadas por terceiros.
Textos críticos
Texto Crítico
A obra de Maria Lucia Cattani investiga as possibilidades do desenho e da gravura ao valer-se de suportes e metodologias de trabalho que subvertem a ordenação convencional destas técnicas. Na obra 18 vezes, por exemplo, a artista tensiona os limites da ideia de repetição e de diferença criando um carimbo cujas marcas são pequenas incisões, cada uma delas uma espécie de traço rápido, gestual, da artista. Assim, a incisão gestual na superfície do carimbo torna-se marca a ser repetida e a repetição alternada torna-se novamente marca de diferença. Ao aplicar o carimbo alternando sua posição de modo a desdobrar uma única matriz em múltiplas possibilidades imagéticas, a artista também provoca uma vibração cromática, criando um campo de cor e movimento que emana da obra. Assim, a apresentação do trabalho no espaço expositivo provoca uma espécie de atmosfera cromática cuja presença vibrátil atrai o nosso olhar mesmo antes de estarmos próximos da obra.
A noção de delicadeza também precisa ser evocada em relação ao trabalho de Cattani. Boa parte da sua obra é realizada a partir de marcações feitas com a precisão e a variação próprias da gestualidade, onde cada marca é, além de marca da diferença, registro da presença da artista na obra.
Ainda é interessante notar que a artista classificava suas obras em categorias como 2D, significando obras bidimensionais, como desenhos, gravuras, pinturas e instalações gráficas, realizadas diretamente sobre paredes de espaços expositivos; 3D, significando obras tridimensionais, como livros de artista ou como a obra 18 vezes; e 4D, significando obras em vídeo.
Autoria
Histórico de publicações
BULHÕES, Maria; PELLIN, Vera; VENZON, André [org]. Catálogo acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. 1. ed. Digrapho Produções Culturais, Porto Alegre, 2021. p. 185. Catálogo de Acervo. Disponível em: https://acervomacrs.wpcomstaging.com/catalogo/. Acesso em 11 de abril de 2022.
|GOMES, Paulo. O Projeto MAC-21: Compartilhando uma experiência de exceção. Porto Alegre/Brasil, 2017. 12 páginas. Disponível em: http://academiademedicinars.com.br/wp-content/uploads/2021/08/2.3.-Museu-de-Arte-Contempor%C3%A2nea-do-Rio-Grande-do-Sul-MACRS-1.pdf. Acesso em 11 de abril de 2022.
|SALVATORI, Maristela; RANDS, Nick [org]. Maria Lucia Cattani. UFRGS, Porto Alegre, 2019. p. 49-50-51. Disponível em: https://issuu.com/maristelasalvatori/docs/cattani_livro_online_2020-1lr , Acesso em 11 de abril de 2022.
Mídias relacionadas
“O processo do trabalho, desdobrado no tempo, é parte integrante do balanço que o trabalho procura estabelecer ou desafiar. Demanda, concentração, persistência e dia por dia adquire a qualidade de um ritual. A artista seleciona cuidadosamente seus materiais. Ela cava suas marcas num pequeno e maleável bloco de matéria flexível como a borracha, ao invés do que nos mais tradicionais e menos flexíveis blocos de madeira. As marcas são impressas sobre a transparência de delicados papéis chineses. Seguindo a rotação dos blocos a imagem muda. Algumas vezes as marcas de um bloco diferente são impostas sobre as marcas do primeiro bloco. A cor lentamente empalidece até que torna-se a sombra do que foi uma vez. Então uma nova tinta é adicionada e o jogo começa novamente. Contudo, o que é esse jogo? É o jogo de rabiscar. Rabiscar é o primeiro processo de fazer cultura. Cattani cria ambientes visuais de signos com a sutil ironia característica de um agente pós-moderno. Ela cria contextos. Ela estabelece regras cujo poder é ocasionalmente negado para finalmente definir a taxonomia das imagens”.
(DIMITRAKAKI, 1998, p. 03). Disponível em: http://www.marialuciacattani.com/download/angela_pt.pdf , Acesso em 10 de outubro de 2022.
“A artista, distanciada da realidade, por não a figurar, aproxima-se dela por meio da intervenção técnica, a qual envolve soberanamente seu próprio corpo, no gesto repetitivo que se cristaliza nas matrizes mescladas de grafismos e imaginário. Sua ação artística, nascida em meio ao processo técnico do trabalho, adquire uma função que vai além do próprio resultado final, que se mostra sempre inacabado, pois permanentemente repetido, portanto sempre atual. A artista não faz reproduções iguais. Cada matriz gera uma série de obras, todas originais; por outro lado, cada obra contém a gestação de outra, num encadear-se contínuo. Cada matriz cria uma obra múltipla que se faz única no gestar infindo. Neste contexto, somos levados a interrogar sobre onde estariam os limites de sua arte: ela se perfaz em cada módulo ou em cada suporte? Ou seu ser inacabado é, por isso mesmo, ilimitado? Fazer técnico-estético-artístico, o trabalho de Maria Lucia faz também, deste modo, enquanto simbólico, propostas de inquirição sobre os significados da arte e de seu lugar no mundo; esta é sua postura essencial enquanto sujeito político: promotora de experiências e de indagações”. (ZIELINSKY, 2000, p. 03). Disponível em: http://www.marialuciacattani.com/download/monica_pt.pdf , Acesso em 10 de outubro de 2022.
|“O recurso da repetição, é, sem dúvida, um traço identitário no seu trabalho. Entretanto, o ato de repetir, em suas obras, não se dá como mera reiteração da premissa fundadora, mas como sintoma da diferença entre partes quase iguais. Nunca um módulo é exatamente idêntico ao outro, embora guardem entre si importantes relações de proporção e simetria. São ritmos que se repetem quase da mesma maneira, demarcados por compassos que sofrem de pequenas incorreções matemáticas, como denunciar que foram feitos pela mão humana, e não por uma máquina indefectível” (BOHNS, 2005, p. 02). Disponível em: http://www.marialuciacattani.com/download/neiva_pt.pdf , Acesso em 10 de outubro de 2022.
|“Sob a leveza e beleza das cores, há uma ação elaborada dentro de muitas regras invisíveis; suas pinturas são, na verdade, suportes de equações matemáticas, de estruturas que obedecem a uma lógica gravada através do corte e da cor. Quadrados dentro de quadrados, multiplicados pela repetição dos carimbos, divididos em espaços fixos, subtraídos pelos gradientes de profundidade que se somam no olhar do espectador.
E então, será que vemos as reais pinturas que estão expostas? Provavelmente não. Mas daí a necessidade de olhar várias vezes, de percorrer com cuidado o espaço da galeria, sabendo que estaremos sempre diante de duas dimensões pictóricas distintas, de dentro e de fora, pinturas ao quadrado.” (RAMOS, 2007, p.01-02). Disponível em: http://www.marialuciacattani.com/download/alexandre_pt.pdf , Acesso em 13 de outubro de 2022.
"Os carimbos, estampados à exaustão, resultaram em cores esmaecidas a cada nova impressão. Sobre as últimas impressões a artista gravou intermináveis sulcos e criou, assim, um grande painel sobre a parede, cujos cortes possibilitaram revelar a base de gesso, formando linhas brancas em ritmos regulares. Esta obra utilizou recursos de gravura, remetendo a seus processos e valorizando algumas de suas características, como o relevo, porém em uma lógica sequencial bastante diferenciada do usual". (SALVATORI, 2008, p. 07). Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/31096/000716872.pdf?sequence=1. Acesso em 11 de abril de 2022.
|"A exposição coletiva MAC 21 - Um Museu do Novo Século, atualmente em cartaz na Casa de Cultura Mario Quintana, apresenta um pouco da produção da artista. "Ela propôs que o trabalho fosse o seu Um Ponto ao Sul, uma caixa com 24 imagens gravadas, trabalho caracterizado pelo seu formato de livro de artista. Complementando o conjunto, a artista propôs outro trabalho seriado, consistindo em 24 varetas impressas e suspensas em um painel, caracterizados pelo mesmo rigor e refinamento artesanal", escreve o curador Paulo Gomes, no texto do projeto de aquisições de obras do Museu de Arte Contemporânea do Estado (MACRS) pelo Prêmio Marcantonio Vilaça, da Funarte". (DALCOL, 2015, doc.eletr). Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2015/02/um-dos-destaques-da-geracao-80-a-artista-e-professora-maria-lucia-cattani-morre-em-porto-alegre-4695216.htmL Acesso em 11 de abril de 2022.
"A visita a Maria Lucia Cattani (Garibaldi, RS, 1958 – Porto Alegre, RS, 2015) também foi pautada pela cordialidade e pelo entusiasmo com o projeto. Cattani, uma artista bem representada nas coleções locais, propôs que o trabalho intitulado Um Ponto ao Sul, livro de artista com 24 xilogravuras. Complementando o conjunto a artista propôs outro trabalho seriado, intitulado “18 vezes”, consistindo em varetas impressas e suspensas em um painel, caracterizados pelo mesmo rigor e refinamento artesanal". (GOMES, 2017, p. 05-06). Disponível em: http://academiademedicinars.com.br/wp-content/uploads/2021/08/2.3.-Museu-de-Arte-Contempor%C3%A2nea-do-Rio-Grande-do-Sul-MACRS-1.pdf. Acesso em 11 de abril de 2022.
"Se há um frequente engajamento corporal, com gestos repetidos que deixam marcas que são constantemente desdobradas, a estes somam-se outros recursos técnicos, como na instalação ¼ de 144 vezes, de 2002, onde a artista utiliza estampas de carimbos dispostos como réguas, digitalizados, impressos em jato de tinta sobre papel e colados sobre alumínio, adquirindo dimensões variadas quando de suas apresentações. (...) Jogando harmoniosamente com síntese e acúmulo, os gestos e formas exaustivamente repetidas pela artista configuram semelhanças e diferenças que, longe de estabelecer padrões monótonos, revelam vibração, beleza, e leveza e equilíbrio. Perfazendo um percurso do único ao múltiplo e do múltiplo ao único, Maria Lucia Cattani percorreu um caminho de construção e desconstrução, mesclando saberes, conciliando gestos atávicos e novas tecnologias". (SALVATORI, 2018, doc.eletr) Disponível em: http://abca.art.br/httpdocs/maria-lucia-cattani-potencia-dos-pequenos-gestos-maristela-salvatori/. Acesso em 11 de abril de 2022.
“A partir dos carimbos, ela criou "réguas", trabalhos sobre tiras estreitas de metal, de vários comprimentos. Colocadas lado a lado, com pequenos espaços entre elas, dispensando vidro, moldura, passe-partout e outros elementos tradicionais das obras bidimensionais, elas criavam uma relação totalmente nova com o espaço e, mesmo, com o tempo. Fazia-se necessário olha-lás sucessivamente, na vertical (cada régua em si, com suas variações de signos e de cores) e na horizontal, vinculando-as umas às outras e apreciando suas semelhanças e diferenças. Mas nesse processo, os intervalos entre elas criavam pausas que não podiam ser ignoradas - transformando-se, assim, em frações de tempo, alterando a percepção global". (CATTANI, 2020, p. 49-51). Disponível em: https://issuu.com/maristelasalvatori/docs/cattani_livro_online_2020-1lr . Acesso em 11 de abril de 2022.
Audiodescrição - A obra 18 vezes é composta por dezoito varetas de madeira pendentes sobre suporte de madeira de 52 x 52 cm. Cada vareta consiste em um sólido geométrico em forma de um paralelepípedo delgado, medindo 50 x 1,3 x 1,3 cm cada, dispostos lado a lado, na vertical, com espaçamento de 2,9 entre eles. As seis faces de cada vareta são cobertas por marcas aparentemente repetidas de pequenos módulos de 1,3 cm (dispostos lado a lado). Estas marcas são feitas com um carimbo produzido pela artista a partir da técnica de xilogravura. Assim, a face do carimbo está sulcada por pequenos grafismos. Entintado em tinta acrílica, ora vermelha, ora fuccia, o carimbo produz sobre as varetas um desenho de delicados traços brancos sobre vermelho e fúcsia.
|A composição pictórica foi impressa na superfície dos paralelepípedos com um carimbo produzido pela artista a partir da técnica de xilogravura. A cada impressão a artista alternava a posição do carimbo de modo a desdobrar uma única matriz em múltiplas possibilidades imagéticas, que vão desde a disposição das formas no objeto até as tonalidades da cor. As varetas são numeradas do 1 ao 18 e exibidas sobre o painel de madeira em ordem crescente. A vareta número 1 contém a assinatura da artista.
A obra de Maria Lucia Cattani investiga as possibilidades do desenho e da gravura ao valer-se de suportes e metodologias de trabalho que subvertem a ordenação convencional destas técnicas. Na obra 18 vezes, por exemplo, a artista tensiona os limites da ideia de repetição e de diferença criando um carimbo cujas marcas são pequenas incisões, cada uma delas uma espécie de traço rápido, gestual, da artista. Assim, a incisão gestual na superfície do carimbo torna-se marca a ser repetida e a repetição alternada torna-se novamente marca de diferença. Ao aplicar o carimbo alternando sua posição de modo a desdobrar uma única matriz em múltiplas possibilidades imagéticas, a artista também provoca uma vibração cromática, criando um campo de cor e movimento que emana da obra. Assim, a apresentação do trabalho no espaço expositivo provoca uma espécie de atmosfera cromática cuja presença vibrátil atrai o nosso olhar mesmo antes de estarmos próximos da obra.
A noção de delicadeza também precisa ser evocada em relação ao trabalho de Cattani. Boa parte da sua obra é realizada a partir de marcações feitas com a precisão e a variação próprias da gestualidade, onde cada marca é, além de marca da diferença, registro da presença da artista na obra.
Ainda é interessante notar que a artista classificava suas obras em categorias como 2D, significando obras bidimensionais, como desenhos, gravuras, pinturas e instalações gráficas, realizadas diretamente sobre paredes de espaços expositivos; 3D, significando obras tridimensionais, como livros de artista ou como a obra 18 vezes; e 4D, significando obras em vídeo